ATA DA SEXAGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 31.08.1998.
Aos trinta e um dias do mês
de agosto do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli
Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e
Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio
Hohlfeldt, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren,
Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Henrique
Fontana, João Dib, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal e Pedro
Ruas. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias
da Ata da Sexagésima Quarta Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da
Sexagésima Terceira Sessão Ordinária e da Trigésima Sexta Sessão Solene, deixou
de ser votada face à inexistência de "quorum" deliberativo. À Mesa
foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 01 Pedido de Providências
e a Indicação nº 66/98 (Processo nº 2538/98); pela Vereadora Clênia Maranhão, o
Projeto de Resolução nº 33/98 (Processo nº 2512/94); pelo Vereador João Carlos
Nedel, 13 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 116/98 (Processo
nº 2607/98); pelo Vereador Pedro Ruas, o Projeto de Lei do Legislativo nº
124/98 (Processo nº 2538/98). Ainda, foi apregoado o Projeto de Resolução nº
34/98 (Processo nº 2519/98), de autoria da Mesa Diretora. Também foi apregoado
Requerimento de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando renovação de
votação para o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 03/96 (Processo nº 1612/98).
Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 3013, 3019, 3025 e 3027/98, da Senhora
Iara Leite, do Gabinete da Casa Civil do Estado/RS. A seguir, o Senhor
Presidente registrou a presença do Senhor Edmundo de Freitas Pinto, Presidente
da Associação do Comércio e Indústria da Restinga - ACIR, convidando Sua
Senhoria a integrar a Mesa dos Trabalhos, e concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR,
ao Senhor Jorge Rigolli, Vice-Presidente da ACIR, que teceu considerações
acerca da Lei Municipal nº 8.129/98, que prevê a extensão do serviço de
táxi-lotação aos bairros Restinga e Parque dos Mayas, propugnando pela imediata
regulamentação desta lei pelo Poder Executivo, com a implantação das linhas de
táxi-lotação ali previstas. Na ocasião, face à manifestação do Vereador
Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito dos
procedimentos legais a serem observados em situações de omissão do Poder
Executivo quanto à regulamentação de leis aprovadas por esta Casa, tendo o
Vereador Reginaldo Pujol formulado Requerimento verbal, solicitando oitiva da
Comissão de Constituição e Justiça no referente à questão. Ainda, os Vereadores
Renato Guimarães, Hélio Corbellini e Antônio Losada manifestaram-se acerca do
assunto abordado pelo Senhor Jorge Rigolli no período de Tribuna Popular. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol, reportando-se ao tema da
Tribuna Popular, discorreu sobre a aprovação, pela Casa, de projeto que veio a
se tornar a Lei Municipal nº 8.129/98, criticando o Executivo Municipal por não
ter observado o prazo legal de promulgação de Decreto de regulamentação desta
Lei e ressaltando os prejuízos que tal atitude acarretou à população do bairro
Restinga. O Vereador João Carlos Nedel teceu considerações a respeito da
estrutura de transporte coletivo ora existente no bairro Restinga, comentando
aspectos relativos ao convênio firmado entre a Prefeitura Municipal e a Universidade
Luterana do Brasil - ULBRA, para a prestação de assistência médica aos
moradores daquela localidade. Ainda, expôs dificuldades enfrentadas pelos
moradores do Vale do Salso, pela precariedade do sistema de saneamento básico
lá implantado. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador João Motta,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor
Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Cyro Martini, informando
que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Também, foi
apregoado Requerimento da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para
Tratamento de Saúde, do dia trinta e um de agosto ao dia dois de setembro do
corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente
Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa
do Consumidor e Direitos Humanos. Em continuidade, o Senhor Presidente
registrou terem sido concluídas obras realizadas no Plenário Otávio Rocha,
objetivando viabilizar o acesso de portadores de deficiência física às
instalações deste Plenário. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as
presenças do Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, e
do Tenente Jair Rosa. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Vereadores
Pedro Américo Leal e João Dib e o Senhor José Fortunati a descerrarem os
brasões do Laçador, do Município de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do
Sul, instalados nas tribunas e na parte frontal da Mesa do Plenário Otávio
Rocha. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Pedro Américo
Leal, que historiou acerca do significado da instalação, neste Plenário, dos
símbolos acima referidos, discorrendo a respeito da sua importância para que os
valores históricos e morais neles contidos sejam sempre lembrados e observados
por todos aqueles que comparecem a este Legislativo. Em continuidade, o Senhor
Presidente registrou a inauguração, hoje, às dezoito horas e trinta minutos, da
fotografia do Vereador Clovis Ilgenfritz na Galeria dos Ex-Presidentes da
Câmara Municipal de Porto Alegre, localizada no Salão Adel Carvalho. Após,
constatada a existência de "quorum", foram aprovados Requerimentos
verbais do Vereador Luiz Braz, solicitando alteração na ordem dos trabalhos,
com ingresso imediato no período de Grande Expediente, e do Vereador Jocelin
Azambuja, solicitando que, após o período de Grande Expediente, seja iniciada a
Ordem do Dia. Também, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Luiz Braz,
solicitando a concessão do tempo de três minutos para manifestação das Bancadas
na homenagem a ser realizada ao Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos e
solicitando que as inscrições dos Senhores Vereadores neste período de Grande
Expediente sejam transferidas para a próxima Sessão Ordinária. A seguir,
iniciou-se o período de GRANDE EXPEDIENTE que, nos termos do Requerimento nº
183/98 (Processo nº 2491/98), de autoria da Mesa Diretora, será destinado a
homenagear o Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos, falecido no dia trinta e um
de julho do corrente. Compuseram a Mesa: o Vereador Luiz Braz, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito
Municipal; o Tenente Jair da Rosa, representante do Comando Militar do Sul; o
Senhor Valdinei Gonçalves, sobrinho do Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos; a
Senhora Judith Dutra, esposa do ex-Prefeito Olívio Dutra; o Vereador Juarez
Pinheiro, 1º Secretário da Casa. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu
a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Clovis
Ilgenfritz, em nome da Bancada do PT, historiou fatos relativos à vida pessoal,
profissional e política do Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos, ressaltando o
trabalho realizado por Sua Senhoria enquanto representante do Executivo
Municipal nesta Casa. O Vereador Pedro Ruas, em nome da Bancada do PDT, prestou
sua homenagem ao Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos, externando seu
reconhecimento ao trabalho e à militância política por ele exercidos ao longo
de sua vida. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, salientou
a competência e o desprendimento sempre demonstrados pelo Jornalista Adaucto
Porto Vasconcellos, no referente ao trato com a política e a defesa dos
interesses públicos. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS,
manifestou-se a respeito do posicionamento político professado pelo Jornalista
Adaucto Porto Vasconcellos, destacando a marcante participação de Sua Senhoria
durante o período da Legalidade. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou
informações acerca da realização de eventos alusivos às comemorações dos
duzentos e vinte e cinco anos da Câmara Municipal de Porto Alegre. Também, foi
apregoado Requerimento da Mesa Diretora, solicitando, nos termos do § 6º do
artigo 218 do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora
Sônia Santos, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na
vereança o Suplente Leão de Medeiros, informando que Sua Excelência integrará a
Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Após,constatada a existência de "quorum",
foi aprovado Requerimento do Vereador José Valdir, solicitando Licença para
Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente
declarado empossado na vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. A seguir,
deu-se continuidade aos pronunciamentos dos Senhores Vereadores. O Vereador
Hélio Corbellini, em nome da Bancada do PSB, homenageou o Jornalista Adaucto
Porto Vasconcellos, lembrando a correção e a seriedade sempre demonstradas por
Sua Senhoria durante o exercício de suas atividades profissionais e políticas.
O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PSDB, afirmou ser a atuação
profissional do Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos uma referência para todos
aqueles que com ele conviveram ao longo do tempo em que exerceu suas atividades
nesta Casa. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, comentou a
importância do trabalho exercido pelo Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos,
trabalho este voltado à articulação política entre o Executivo Municipal e as
Bancadas com assento neste Legislativo. O Vereador Fernando Záchia, em nome da
Bancada do PMDB, pronunciou-se em homenagem ao Jornalista Adaucto Porto
Vasconcellos, discorrendo a respeito da preocupação sempre demonstrada por Sua
Senhoria com as questões sociais e políticas atinentes à Cidade. O Vereador
Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, teceu considerações a respeito da
atuação do Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos junto a este Legislativo,
ressaltando a inestimável contribuição de Sua Senhoria para o fortalecimento
das instituições democráticas no Município. Em continuidade, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor José Fortunati que, em nome da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, manifestou-se sobre a homenagem prestada
pela Casa ao Jornalista Adaucto Porto Vasconcellos, salientando a competência e
sabedoria demonstrados por Sua Senhoria no exercício de suas atividades
enquanto representante do Poder Executivo na Câmara Municipal de Porto Alegre,
atividades marcadas pela busca do estabelecimento de uma relação privilegiada,
com ética e inteligência, entre os Poderes Executivo e Legislativo do
Município. Às quinze horas e cinqüenta e três minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e cinqüenta e nove
minutos, constatada a existência de “quorum”, tendo o Senhor Presidente, na
oportunidade, destacado as disposições regimentais que vedam a realização de
manifestações nas galerias. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum
discorreu acerca da necessidade de adaptação dos prédios públicos, a fim de
viabilizar o acesso de pessoas portadoras de deficiência física. Também,
cumprimentou a Mesa Diretora deste Legislativo, pelas providências tomadas no
sentido de que fossem oferecidas condições, aos portadores de deficiência
física, de acessibilidade às instalações do Plenário Otávio Rocha. O Vereador
Carlos Garcia, ao referir-se ao atraso no repasse de verbas aos beneficiários
de programa de incentivo a atletas promovido pelo Governo do Estado, procedeu à
leitura de correspondência enviada pelo Senhor José Haroldo Loureiro Gomes,
Diretor do Departamento de Desporto, relativa ao assunto. Também, registrou
dificuldades operacionais e de infra-estrutura enfrentadas pelos alunos e
professores da Escola Estadual de Primeiro Grau Doutor Francisco Pacheco
Prates, relatando providências tomadas pelo Executivo Municipal para a solução
das mesmas. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi
aprovado Requerimento do Vereador Gerson Almeida, solicitando Licença para
Tratamento de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor
Presidente declarado empossado na vereança a Suplente Helena Bonumá, informando
que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Renato Guimarães teceu considerações a
respeito de declarações prestadas pelo Senhor Leonel Brizola, relativas ao
posicionamento adotado pelo Governo Federal em relação à conjuntura econômica
internacional ora observada. Também, discorreu a respeito das medidas tomadas
pelo Ministério da Fazenda, no sentido de conter a saída do País de recursos
oriundos de movimentações no mercado financeiro. Na ocasião, o Vereador Cláudio
Sebenelo formulou Requerimento verbal, solicitando fosse retirada dos Anais da
Casa expressão utilizada pelo Vereador Renato Guimarães durante o seu
pronunciamento em Comunicação de Líder, Requerimento este indeferido pelo
Senhor Presidente, por não ter ocorrido anuência do Orador. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, a Vereadora Anamaria Negroni saudou a Mesa Diretora deste Legislativo,
pelas adaptações realizadas no Plenário Otávio Rocha para facilitar o acesso de
pessoas portadoras de deficiência física e pela instalação, nas tribunas e na
Mesa deste Plenário, dos brasões do Laçador, do Município de Porto Alegre e do
Estado do Rio Grande do Sul. Também, teceu considerações a respeito da forma de
tratamento a ser observada, quando os pronunciamentos realizados pelos Senhores
Vereadores referirem-se ao Senhor Presidente da República. O Vereador Fernando
Záchia, referindo-se ao pronunciamento do Vereador Carlos Garcia, manifestou
sua preocupação com as dificuldades enfrentadas pelas Federações Esportivas
gaúchas para, em conjunto com a Secretaria Estadual do Desporto, reavaliar e
disponibilizar as bolsas-auxílio concedidas a atletas gaúchos, através de
programa mantido pelo Governo do Estado, propugnando pela adoção de medidas que
viabilizem o repasse imediato dos valores correspondentes a esses benefícios. A
seguir, constatada a existência de “quorum”, iniciou-se a ORDEM DO DIA e foi
aprovado Requerimento verbal do Vereador Nereu D'Ávila, solicitando alteração
na ordem de votação da matéria a ser apreciada. Na ocasião, foi apregoada a
Emenda nº 01, de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, subscrita pela Vereadora
Maria do Rosário, ao Projeto de Decreto Legislativo nº 11/98 (Processo nº
2565/98). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto
Legislativo nº 11/98, com ressalva da Emenda a ele aposta, após ser discutido
pelos Vereadores João Dib, Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal e Juarez
Pinheiro e encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila, João Dib,
Anamaria Negroni, Fernando Záchia e Maria do Rosário. Após, foi aprovada a
Emenda nº 01 aposta a este Projeto. Na oportunidade, o Vereador Reginaldo Pujol
manifestou-se a respeito do andamento dos trabalhos e do encaminhamento à
votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 11/98 e, face à Questão de Ordem do
Vereador João Dib, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da
documentação referente ao Projeto de Decreto Legislativo nº 11/98, tendo a
Vereadora Maria do Rosário manifestado-se a respeito. Em Discussão Geral e
Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 19/98, em sua
parte vetada, considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ele aposto,por
dezenove votos SIM e dez votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Jocelin
Azambuja, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, João Dib, Elói Guimarães, Henrique
Fontana, Anamaria Negroni, Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães,
Maristela Maffei, Hélio Corbellini, Maria do Rosário, Antonio Hohlfeldt, Cyro
Martini, Antônio Losada e Pedro Ruas e encaminhado à votação pelos Vereadores
Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria
Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão,
Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac
Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Jocelin Azambuja e Leão de Medeiros e Não os
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Henrique Fontana,
Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Renato Guimarães, Cyro Martini, Helena
Bonumá e Maristela Maffei e tendo apresentado Declaração de Voto os Vereadores
Adeli Sell, Clovis Ilgenfritz, Maristela Maffei e Maria do Rosário. Durante a
apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 19/98, os Vereadores Paulo Brum e
João Carlos Nedel cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos
Vereadores Jocelin Azambuja e Maria do Rosário, e o Senhor Presidente destacou
as disposições regimentais que vedam manifestações nas galerias do Plenário,
bem como a realização de apartes anti-regimentais pelos Senhores Vereadores. Na
ocasião, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos, nos termos regimentais, e o
Senhor Presidente registrou a realização, hoje, da cerimônia de descerramento
da fotografia do Vereador Clovis Ilgenfritz, na Galeria dos ex-Presidentes da
Câmara Municipal de Porto Alegre, e da abertura da exposição do Concurso de
Fotografias "Sioma Breitman", instalada na Avenida Cultural Clébio
Sória, tendo os Vereadores Maria do Rosário, Cláudio Sebenelo e Jocelin Azambuja
manifestado-se a respeito. Também, o Senhor Presidente convidou a todos para o
Seminário "Análise da Chamada Criminalidade Violenta nos Grandes Centros
Urbanos", promovido pelo Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre,
a ser realizado amanhã, às quatorze horas, no Plenário Otávio Rocha. Às
dezenove horas e quarenta e um minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz,
Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados pelos
Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz):
Estamos na semana de aniversário da Câmara Municipal. Temos muito trabalho a
ser realizado nas comemorações, homenagens que já começaram a ser realizadas a
partir desta manhã.
Passamos à
Convidamos o Presidente da
ACIR - Associação do Comércio e Indústria da Restinga - a fazer parte da Mesa.
O Sr. Jorge Rigolli, representando a ACIR, está com a palavra pelo tempo
regimental de 10 minutos.
O
SR. JORGE RIGOLLI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, viemos à Câmara Municipal
saber o que o Prefeito tem contra a Restinga. Em nome do comércio e da
indústria, viemos saber por que o Prefeito não faz realizações para melhorar a
qualidade de vida da Restinga. Afinal, todos nós somos cidadãos. Nós pagamos
impostos e gostaríamos de ter um tratamento melhor. A Lei nº 8.129, de 8 de
janeiro, sancionada pelo Prefeito, criava a linha de lotação Restinga e Parque
dos Mayas, mas foi vetado o art. 4º do Projeto aprovado pela Câmara de
Vereadores, que dava um prazo para o Prefeito colocar em funcionamento essas
linhas. A Câmara de Vereadores achou que isso estava errado, uma vez que
prejudicava a população da Restinga e porque o Parque dos Mayas recusou o Veto.
Em 2 de abril foi promulgado o texto, através do art. 4º, onde fixou o novo
prazo de noventa dias para início do funcionamento das linhas de lotação. Todos
ficaram muito contentes lá na Restinga, e pensávamos que finalmente, no mês de
julho, teríamos o lotação. Mas que nada! O Prefeito tem feito olho grosso para esses casos. Não toma
providências no sentido de nos atender, mas não sei o porquê disso. Ele não tem
a menor consideração e respeito pela Câmara de Vereadores, como podemos
perceber pelo que foi dito na França, dizendo que os Vereadores não trabalham e
não fazem nada. Eu acho que ele não faz nada, porque não atende aos Pedidos de
Providências dos Vereadores. Não faz cumprir a lei. Isso é uma barbaridade!
Agora, porque o Prefeito faz pouco caso da Câmara, somos nós que sofremos com
isso. Será que o Prefeito não sabe que lá na Restinga têm mais de cem mil
moradores? Será que ele não sabe que a Restinga fica a 27Km de distância e que
levamos mais de uma hora para chegarmos ao Centro? E o ônibus não oferece
conforto para as pessoas de nível médio. Temos que rolar nos ônibus. Temos
necessidade de ter uma linha mais rápida.
Temos na Restinga muitos
comerciantes, pequenos e médios empresários que necessitam vir ao Centro,
diariamente, tratar de assuntos. Há necessidade também de consultas médicas,
trabalho de banco, fazer compras ou assuntos junto à Prefeitura. A solução, no
momento, é vir de carro. Mas também não dá, porque a Prefeitura, simplesmente, se
adonou das ruas próximas a ela. Os carros da turma, que ficam ali para
trabalhar, ficam o dia todo estacionados, sendo que teriam que trabalhar fora.
E acho até que a bancada fiscalizar o trânsito é um inferno, embora seja muito
importante a Prefeitura fiscalizar, mas deveria fazer melhor essa loucura e a
turma da fiscalização deveria parar de guinchar os carros e, sim, orientar.
A desculpa que o Prefeito dá
por tentar evitar a vinda de carros ao Centro é a de melhorar o trânsito. Mas,
se não quer carros no Centro, tem que oferecer alternativa razoável,
substituição, no mínimo, de igualdade de condições. Essa alternativa, com
certeza, não é o ônibus. E, como já disse, eles demoram e não oferecem
conforto. O lotação seria uma alternativa e a mais aproximada da perfeição,
para nós. Se ele não quiser cumprir a lei, que atenda pelo menos o pedido dos
moradores da Restinga, porque, além de beneficiar os moradores diretamente,
dando um transporte mais conveniente, também vai gerar mais emprego, mais renda
e mais impostos. Ou será que o Prefeito não quer que aconteça isso? A Restinga
não pode continuar sendo tratada como uma vilazinha qualquer. Nós somos pessoas
organizadas, somos uma cidade dentro de outra cidade. Sabemos do que precisamos
e o que queremos. Neste momento precisamos e queremos o serviço de lotação já
aprovado em lei.
Nós achamos muito ruim que o Prefeito desrespeite a Câmara. Isso é contra a democracia, é contra nós, é contra o povo que vota para Vereador, em todos os partidos. Ficamos nos perguntando se o Prefeito sabe o que vale o nosso voto na hora da próxima eleição. Achamos pior ainda quando ele faz o contrário, quando afirma ser um governo popular e, no entanto, não faz nada do que o povo pede. Acho que a maior tendência do Prefeito é para a ditadura, onde ele poderá fazer somente o que quer, sem dar satisfações a ninguém. Pelo menos ele nos faz pensar assim. Sinceramente, eu gostaria de estar enganado. Gostaria de lembrar ao Prefeito que precisamos ser atendidos. É a voz do povo, pois é dele que se origina o poder e em nome dele que deve ser exercido, pelo menos é o que diz a Constituição do Brasil.
Há a Lei nº 8.129. Acho que
é do Ver. Reginaldo Pujol. Gostaria que os Vereadores tomassem providências
sobre a nossa grande Restinga, pois são mais de cem mil habitantes, não apenas
na época da eleição. Gostaríamos que os lotações começassem a funcionar de
imediato, porque os comerciantes também têm o direito de vir a Porto Alegre com
conforto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Coloco a
palavra à disposição das bancadas.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento):
Sr. Presidente, solicito providências. Consulto à Mesa para saber qual o
comportamento da Casa diante do fato de que, reiteradas vezes, leis têm sido
aqui aprovadas, mas fica pendente a regulamentação, pois o prazo é descumprido.
Esta Casa tem-se posicionado em defesa das suas prerrogativas. Neste caso,
depende de algum requerimento específico de quem se julgar prejudicado?
O SR. PRESIDENTE: A Casa já tomou, em outras oportunidades,
providências nesse sentido. Lembro-me que, na época do Prefeito Tarso Genro, eu
pertencia à Comissão de Justiça, a qual fez um trabalho solicitando que o
ex-Prefeito Tarso Genro cumprisse com a legislação e regulamentasse as leis. Nós
colocamos a ele as penalidades a que estaria sujeito. Lembro-me de que muitas
leis, naquela época, foram regulamentadas. Dessa feita, o Sr. Prefeito
Municipal já recebeu também da Câmara Municipal exatamente o mesmo aviso,
dizendo que a não-regulamentação da legislação deixa-o exposto às punições
prescritas nas normas que estão a nossa disposição. Agora, seria oportuno que a
Comissão de Justiça pudesse ser consultada novamente a fim de que pudéssemos
ter uma orientação da própria Comissão de Justiça.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento):
Diante da manifestação dessa Presidência, nós requeremos formalmente que seja
ouvida a Comissão de Justiça acerca dos procedimentos adequados que têm que ser
tomados, inclusive, se for o caso, a responsabilização legal do Sr. Prefeito
Municipal pela desobediência formal a norma irmanada desta Casa, que
estabelecia prazo para a sua regulamentação. É o caso concreto que foi objeto
da Tribuna Popular.
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Esclarecimento): Sr. Presidente, para colaborar, desde a votação do
Plurianual, onde se abriu esse debate da questão das linhas de kombi-lotação na
Cidade de Porto Alegre, a nossa Bancada encaminhou um Pedido de Informações à
Secretaria Municipal dos Transportes e recebemos a notícia de que foram abertos
estudos para a viabilidade de implantação de linhas de lotação em Porto Alegre.
Esses estudos apontam para a abertura de um conjunto de linhas de lotação,
inclusive, na Restinga. O que está se encaminhando é um processo de licitação
para que as empresas possam abrir essas linhas de lotação e, pela informação
colocada, isso iria até março, porque se trata de processo licitatório para
todas as linhas, inclusive Restinga, Parque dos Mayas, Leopoldina. Foi essa a
notícia.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Renato Guimarães, eu pediria que V. Exa., por favor, encaminhasse essa
informação para a Associação, por escrito, para que eles possam ter ciência do
que está sendo feito através da Prefeitura Municipal no cumprimento da
legislação que foi aprovada por esta Casa.
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Esclarecimento):
Vamos encaminhar essa informação à Mesa e também ao Executivo no sentido de que
o conjunto de leis que nós aprovamos aqui possa ter a resposta junto ao
Executivo.
O
SR. HÉLIO CORBELLINI (Esclarecimento):
Esses tempos, Sr. Presidente, eu vi com alegria que a Prefeitura abriu uma
linha de lotação no Parque dos Mayas e o que estranhei, Sr. Presidente, é que,
quando foram negadas as linhas da Restinga e outras demandadas aqui nesta Casa,
também eu tinha essa resposta da SMT de que não haveria mais linhas e que
deveria haver licitações. Já faz mais de um ano, Sr. Presidente. Nós estamos
ansiosamente aguardando, porque não é só a Restinga. São outros bairros também,
mas abriram a do Parque dos Mayas.
O
SR. ANTÔNIO LOSADA (Esclarecimento):
Sr. Presidente, sobre a Tribuna Popular, recentemente a administração inaugurou
uma linha de ônibus semidireta na Restinga, com cinco pontos internos e cinco
além do Bairro Restinga. Isto já facilitou um pouco o trabalho na questão do
deslocamento das pessoas que têm mais urgência naquele bairro.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o assunto objeto da Tribuna Popular, que trouxe até
a Casa a Associação do Comércio e Indústria da Restinga, não comporta nenhum
tipo de tergiversação. Bem se vê que se busca oferecer explicação para um
descumprimento formal de uma determinação desta Casa. Essa Casa aprovou lei, de
nossa autoria, expressamente prevendo a implantação do sistema de lotação na
Restinga. Inconformado com isso, o Sr. Prefeito Municipal vetou o art. 4º da
Lei, Veto esse posteriormente derrubado pela maioria da Casa, eis que o art. 4º
estabelecia claramente que “no prazo de noventa dias o Executivo Municipal
estabelecerá o ponto inicial das linhas, no perímetro central da Cidade, bem
como os pontos terminais dos Bairros Restinga e Parque dos Mayas”.
Fala-se agora, Sr.
Presidente, numa tentativa de confundir esse debate, que existe um estudo nesse
sentido e que esse estudo vem sendo aguardado por esta Casa por longos anos. É
aquela célebre empresa paulista contratada pelo Município para elaborar um novo
plano de tráfego de trânsito na Cidade de Porto Alegre. Não tem nada a ver uma
coisa com a outra. Não se diga que se está aguardando a possibilidade de
licitação, porque nós não desconhecemos que a forma pela qual será licenciada
essa linha, em que pese autorizada formalmente por lei, será, a teor do que
dispõe a legislação brasileira, a licitação. O que nós estamos dizendo é que
faltam elementos fundamentais até mesmo para se cogitar dessa licitação, porque
como é que vai se licitar uma linha que não se sabe qual é o itinerário, que
não se sabe qual é o trajeto? Então, não se tente “tapar o sol com a peneira”.
Existe uma omissão profunda do Município, uma omissão maldosa. Sou muito
comedido nas palavras, mas acho que no caso concreto pode-se falar, inclusive,
de má-fé por parte da Administração Municipal que, deliberadamente, busca obstar
que se realize esta lei, que é fruto da vontade da maioria desta Casa. O
assunto deixou de ser meramente do interesse do Bairro Restinga, que é
fisicamente, geograficamente, o bairro interessado. Hoje este assunto passa a
ser, Ver. Pedro Américo Leal, do interesse deste Legislativo. Ou se fazem leis
aqui para serem cumpridas, respeitadas, como sempre deseja o Ver. João Dib, ou
então que não se façam mais leis, mas se desautorize por inteiro o Sr. Prefeito
Municipal a dizer que não trabalhamos, que somos omissos, porque omisso, neste
caso, está sendo o Chefe do Executivo Municipal, que silencia placidamente.
Tinha, desde 2 de abril, noventa dias para tomar providências, determinadas de
forma impositiva na lei, e não o fez. Agora, os seus representantes buscam,
aqui na Casa, oferecer toda sorte de explicações, como se explicações houvesse.
As leis - diz o Ver. João
Dib - são para serem respeitadas. No caso, esta está sendo ignorada,
desrespeitada, formalmente desrespeitada, e o Legislativo da Cidade tem que
buscar os meios legais para exigir, dentro do espírito da lei, o cumprimento
das normas que daqui emanam sob pena de todo o nosso esforço, nossa
demonstração de trabalho e de interesse público restarem inconseqüentes, de vez
que, vencidas todas as barreiras possíveis, se conseguem formalizar leis,
projetos adequados que respondem por vários assuntos de interesse da
comunidade, e esses são simplesmente ignorados pelo Chefe do Poder Executivo
Municipal. Hoje, é a Restinga; amanhã, será outro bairro da Cidade.
Não se diga que estejamos
aqui a pleitear privilégios para a Vila Restinga. Estamos, em última análise,
defendendo as prerrogativas da Câmara Municipal. Fazemos leis para serem
cumpridas ou não estamos cumprindo com nosso dever, que é o de não só fazer a
lei, mas também fiscalizar sua aplicação. No caso, está ignorada; o Executivo
está omisso, silencia sobre o assunto, ignora a decisão da Câmara, e nós - e eu
faço isso, Sr. Presidente, formalmente, como Requerimento à Mesa - temos que
exigir um respeito a esta Casa e às nossas decisões sob pena de desmoralizarmos
a Câmara Municipal e, aí sim, fazermos o jogo do Executivo Municipal que,
realmente, quer ver comprovada a sua opinião, externada pela imprensa
internacional, que diz que esta Casa não funciona, que aqui não se trabalha.
Trabalha-se sim, e o nosso trabalho está sendo sabotado pelo Executivo
Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Carlos Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, pela primeira vez uso esta tribuna em tempo de
Liderança, e o faço da maneira mais apropriada possível: faço-o em defesa da
Restinga, onde cerca de trinta mil famílias estão lá instaladas e se sentem
esquecidas pela Administração Municipal; faço-o, exatamente, para dizer que é
correta a cobrança que a Associação do Comércio e Indústria da Restinga -ACIR
fez, há pouco, nesta tribuna.
Não se compreende o porquê
do não-cumprimento, por parte do Sr. Prefeito, desse pedido das chamadas “bases
populares”. O Prefeito abandonou, de fato, o chamado “meio popular”, não
atendendo as populações da Restinga e do Parque dos Mayas ao não implantar o
serviço de lotações para aqueles bairros. Lei aprovada nesta Câmara e não vetada
pelo Sr. Prefeito, a não ser a fase do prazo; derrubado o Veto, o prazo venceu
dia 2 de julho e até agora o Prefeito “nem bola” para a população da Restinga.
A via rápida instalada não
resolveu o problema, apenas diminuiu um pouco o congestionamento que havia nas
linhas de ônibus.
Será que o Prefeito não
atende a população da Restinga, que quer lotação, porque talvez faça parte das
negociações da Prefeitura com os proprietários dos ônibus, negociações essas
que não estão sendo transparentes para a sociedade como deveriam ser? É muito
estranha a suspensão da ação de cobrança no caso das intervenções nas empresas
de ônibus, que tanta celeuma provocou quando isso aconteceu. De repente, sem
motivo aparente, os ânimos arrefecem e o assunto praticamente cai no
esquecimento. O silêncio, no caso, se superpõe à clareza das tratativas feitas
na sombra de interesses não esclarecidos.
Voltando ao assunto da
Restinga, muitas coisas desagradáveis estão acontecendo por lá. O Conselho de
Desenvolvimento da Restinga - o CODECORES - gostaria, por exemplo, de ter
acesso a uma cópia do convênio firmado com a ULBRA para assistência médica na
Restinga. A população precisa e quer tomar conhecimento das obrigações
recíprocas entre a Prefeitura e a ULBRA, já que o serviço não funciona e a
população tem o direito de saber quem não funciona: a ULBRA ou a Prefeitura?
Fico satisfeito que o Presidente da Comissão de Saúde esteja me ouvindo para
que dê a sua devida resposta. E tem mais: a chamada incubadora industrial está
funcionando apenas há dois meses, e assim mesmo precariamente, com apenas duas
empresas lá instaladas. O telefone está ligado, mas não nas salas da empresa.
As secretárias tão prometidas não apareceram por lá. A tão falada assistência
técnica também não acontece lá na incubadora. E assim nós ouvimos dizer que o
PT está preocupado com a geração de empregos!
O Vale do Salso continua
aguardando atenção do DMAE, do DEP, do DEMHAB e a ajuda da nossa CUTHAB, e,
enquanto isso, a população convive com fezes e outros excrementos boiando nos
pátios das casas, sem nada, sem nenhuma providência da Prefeitura a ser tomada.
Também não tem acesso adequado sobre o Arroio do Salso e a prometida abertura
da Av. Inês Fagundes, acertada pelo chamado Orçamento Participativo, em 1996,
na realidade virou “enganativo”.
E é por isto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que encerro
colocando-me a favor da população da Restinga. E lembro ao Sr. Prefeito, com as
palavras de Abrahão Lincoln: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se
enganar alguns todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Não
havendo Lideranças inscritas, quero agradecer aqui pela presença dos dirigentes
da ACIR - Associação do Comércio e Indústria da Restinga, e dizer que o pleito
de V. Sas. vai ser implantado na Câmara Municipal no sentido de solicitar ao
Executivo Municipal o cumprimento da legislação, fazendo com que as
regulamentações das legislações que são votadas aqui, na Câmara Municipal,
possam se dar o mais rápido possível a fim de que aquelas comunidades que estão
aguardando esses resultados possam ter esta resposta. Este é um dever da Câmara
Municipal e dos homens públicos, o de cumprir com a legislação existente.
Eu pediria que V. Sas.
ficassem em contato com a nossa Câmara a fim de que essas providências pudessem
ser acompanhadas pessoalmente pelos Senhores.
Muito obrigado pela
presença.
O Ver. João Motta solicita
Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi apregoado
Requerimento de licença do Ver. João Motta e dada posse ao Suplente, conforme
consta na Ata.)
A Vera. Tereza Franco
solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 31 de agosto a 2 de
setembro.
(Obs.: Foi apregoado
Requerimento de licença da Vera. Tereza Franco e dada posse ao Suplente,
conforme consta na Ata.)
Srs. Vereadores, é uma
ocasião muito especial esta que marca o início das comemorações dos 225 anos da
nossa Câmara Municipal.
Exatamente hoje um dos
segmentos que, acredito, está entre os que mais sofrem em nossa sociedade
encontra-se aqui nesta Câmara Municipal. É dos deficientes físicos, porque o
acesso às tribunas não é uma coisa facilitada. Há algum tempo o Ver. Paulo Brum
tinha feito um pedido para que adequássemos o Plenário para que os
representantes dos deficientes pudessem utilizar a tribuna normalmente.
Hoje, Ver. Paulo Brum, temos
a satisfação de entregar à sociedade porto-alegrense e aos representantes um
acesso à tribuna condizente com a dignidade com que todos os integrantes da
sociedade têm que ser tratados por esse Legislativo. Hoje, tanto V. Exa como
qualquer representante do segmento dos deficientes poderá chegar à tribuna da
nossa Câmara Municipal sem precisar de qualquer tipo de ajuda, com suas forças
próprias.
Quero cumprimentar V. Exa.
porque foi um dos que mais lutou para que isso pudesse acontecer na nossa
Câmara Municipal.
Vamos convidar para compor a
Mesa o representante do Comando Militar do Sul, Tenente Jair Rosa; o
Vice-Prefeito, meu amigo José Fortunati - sabemos que a presença do
Vice-Prefeito se deve muito mais à homenagem que será prestada ao nosso querido
amigo que deixou muitas saudades, o Adaucto Vasconcellos, do que a qualquer
outra homenagem que estamos realizando pelos 225 anos da Câmara.
Solicitamos ao Ver. Pedro
Américo Leal, que foi o autor do projeto votado e aprovado por esta Casa, que
venha a público mostrar as belezas dos nossos valores, dos nossos símbolos.
Pediria que V. Exa, juntamente com o Ver. João Dib e o Vice-Prefeito José
Fortunati, comparecesse aqui na frente para que pudéssemos descerrar os
brasões.
Solicito ao Ver. Pedro
Américo Leal que descerre o brasão do Laçador.
(O Ver. Pedro Américo Leal
descerra o brasão.)
Solicito ao Ver. João Dib
que descerre o brasão de Porto Alegre.
(O Ver. João Dib descerra o
brasão de Porto Alegre.)
Solicito ao Vice-Prefeito
José Fortunati que descerre o brasão alusivo à Câmara Municipal.
(O Vice-Prefeito José
Fortunati descerra o brasão alusivo à Câmara Municipal de Porto Alegre.)
O Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu preferi a tribuna da direita, não deixei
dúvidas. Eu vejo, com muita alegria, que a Mesa teve a iniciativa de acolher
uma sugestão que fiz e, num processo de resolução, colocou a Câmara provida
desses três símbolos. Para nós, que já passamos pela caserna, os símbolos têm
muita significação, porque é, na verdade, por símbolos que as pessoas se
dirigem, tomam rumo na vida. À proporção que estamos nos desengajando deles,
deixando de lhes dar valor, nós também estamos perdendo valores.
Na Assembléia Legislativa,
eu tive oportunidade de fazer essa sugestão e a Mesa, tal qual a Câmara,
acolheu a sugestão e colocou nas tribunas os símbolos, que não são estes, mas
que, na verdade, representam uma série de valores, pois eles são os que nos
dignificam e nos inflamam para que procuremos dar às nossas crianças, aos
nossos filhos, aos nossos netos, um vigor, uma expressão maior da sociedade em
que vivemos.
Eu, hoje, sinto-me muito
satisfeito porque vejo que o Ver. Luiz Braz, em sua apresentação do
Vice-Prefeito Fortunati, chamou-o de Fortunati por duas vezes. Com essa forma
amiga, que não é improvisada, e não é apenas uma coisa premeditada, o Ver. Luiz
Braz mostrou ao Vice-Prefeito o quanto ele é benquisto nesta Casa, parlamentar
que é, e que representa para todos nós uma pessoa amiga.
Tenho o meu colega,
representando o Cel. Siqueira, que também chega à Câmara Municipal dando a
expressão de que o Comando Militar do Sul acompanha com cuidado tudo aquilo que
se dá aqui nesta Casa. Isso é muito importante, porque a Câmara Municipal dá
importância e valor a toda essa simbologia que não pode ser desprezada e nem
colocada em segundo plano. É disso que nós vivemos: símbolos, símbolos e
símbolos! A criatura humana precisa de símbolos, a mocidade precisa de
símbolos, e não podemos, absolutamente, nos desmontarmos e nos despreocuparmos
de que a simbologia, para todos nós, representa muitos valores que não podem
ser desprezados.
Hoje nós temos símbolos no
Plenário. Ele não está despido, está composto, colorido com os símbolos que
representam para o Rio Grande do Sul, para a Câmara Municipal e para o folclore
municipal uma grande expressão. Temos o gaúcho que representa, à semelhança do
que coloquei na Assembléia Legislativa, o contorno do Rio Grande, e a faca
ornando a fisionomia do gaúcho, a faca com que ele lutou e com que ele come o
churrasco - isso, lá na Assembléia Legislativa. Aqui está o gaúcho tradicional
postado numa das bases da coluna de pernas, mostrando que o Rio Grande está de
pé. Aqui está o brasão do Rio Grande demonstrando que esta Câmara está
perfeitamente unida a todo o conjunto do Estado e à Assembléia Legislativa.
Aqui embaixo da tribuna onde estou se encontra o brasão, o emblema do
Município, muito bem colocado pelo Sr. Presidente, chamando o Ver. João Dib,
que ama tanto este Município e que não poderia deixar de se mostrar, nesta
festa, como peça importante que foi.
João Dib descerrou o brasão
do Município que ele tanto ama. Fico muito satisfeito, Ver. Luiz Braz. Quando
V. Exa. solicitou que eu descerrasse o brasão do gaúcho, a princípio eu não
gostei, mas após eu entendi que V. Exa. achou que o Ver. João Dib deveria
descerrar o brasão do Município. Acho que V. Exa. teve razão. O Ver. João Dib
não só merece, mas ama mais este Município do que eu próprio. Ele é um gaúcho
de Caxias, jogado aqui no Rio Grande, que não pode esconder o amor que ele tem
por este Município. V. Exa. foi muito oportuno e eu concedo essa reverência ao
meu amigo João Dib. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: É sempre
uma satisfação ouvir o nosso amigo Ver. Pedro Américo Leal, principalmente numa
ocasião como esta em que estamos inaugurando os brasões que tiveram origem num
projeto apresentado pelo próprio Ver. Pedro Américo Leal, sugerindo-os à Mesa
da Câmara dos Vereadores, que adotou a idéia do Vereador. O Projeto foi
aprovado e hoje estamos inaugurando os brasões da nossa Cidade.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V.
Exa. ficou mais imponente na Presidência da Câmara com o brasão do Rio Grande
do Sul sob os seus pés.
O
SR. PRESIDENTE: Lembro a
todos que hoje, às 18h30min, estaremos inaugurando o retrato do amigo Ver.
Clovis Ilgenfritz na Galeria dos ex-Presidentes da Câmara Municipal, o que faz
parte das comemorações dos 225 anos da Câmara Municipal.
Requeiro que passemos
imediatamente ao Grande Expediente a fim de que possamos fazer a homenagem ao
Adaucto Vasconcellos, falecido em 1º de agosto do corrente ano, nos termos do
Requerimento nº 183/98, de autoria da Mesa Diretora.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Convido a Sra. Judith Dutra,
ex-Primeira Dama desta Cidade, esposa do nosso amigo Olívio Dutra, ex-Prefeito
desta Cidade, para fazer parte da Mesa. Temos a satisfação de recebê-la neste
momento. Convidamos também o Sr. Valdinei Gonçalves, sobrinho de nosso
homenageado. Faz parte também da Mesa o Tenente Jair da Rosa, representando o
Comando Militar.
Existe um entendimento entre
as bancadas, e quero apenas confirmar, que, em lugar dos Vereadores inscritos
no Grande Expediente, ficariam para a Sessão de quarta-feira e que nós
pudéssemos utilizar o Grande Expediente com a manifestação de um Vereador por
bancada.
Em votação o Requerimento da
Mesa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Os Vereadores que estão
inscritos no Grande Expediente de hoje passam para a Sessão da próxima
quarta-feira.
Cada bancada terá direito a
três minutos para prestar sua homenagem nesta cerimônia que tem o objetivo de
homenagear o nosso saudoso Adaucto Vasconcellos.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Solicito
que logo após o Grande Expediente entremos na Ordem do Dia, antes da Pauta.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o Requerimento.
Passamos ao
Esta cerimônia está-se realizando no tempo do Grande Expediente, atendendo ao Requerimento do Ver. Clovis Ilgenfritz, que logo após o falecimento de Adaucto Vasconcellos, na Sessão seguinte, solicitou à Mesa que fizéssemos uma sessão especial com esse objetivo, o que foi aprovado. Coincidentemente ou não, o Grande Expediente está sendo realizado como parte das comemorações dos 225 anos da nossa Câmara Municipal. Acho que isso é muito importante.
O Ver. Clovis Ilgenfritz
está com a palavra pela Bancada do PT.
O
SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, distinto público que nos visita hoje. Quero
referir-me à Mesa, ao Exmo. Vice-Prefeito de Porto Alegre, meu companheiro José
Fortunati; ao 1º Secretário da Câmara, o companheiro Juarez Pinheiro; ao
representante do Comando Militar do Sul, Tenente Jair da Rosa, e a nossa
ex-Primeira Dama, Judith Dutra, que representa o ex-Prefeito Olívio Dutra, e,
em especial, quero-me dirigir ao Sr. Valdinei Gonçalves, que é sobrinho do
nosso querido Adaucto. Queria pedir licença ao Presidente para ocupar um pouco
mais de três minutos, porque eu estava pensando em fazer um rápido histórico da
vida do Adaucto, o que poderá economizar, em termos de dados, para os outros
Vereadores.
Adaucto Vasconcellos faleceu
há trinta dias, com 69 anos. Era natural de Estrela. A esposa com o filho mais
moço está em uma cidade do interior, Arroio dos Ratos, e as duas filhas moram,
respectivamente, no Rio de Janeiro e em Brasília, e não puderam comparecer.
Não foi por pouca
importância, por poucos atributos que Adaucto Vasconcellos foi velado no Salão
Nobre da Prefeitura Municipal. O Adaucto foi cremado em São Leopoldo.
Ele trabalhou em várias
redações, em especial na Última Hora,
como jornalista emérito, sempre muito ativo na Última Hora, em São Paulo e em Porto Alegre. Trabalhou no Jornal do Brasil, trabalhou no Jornal da Globo, no Rio de Janeiro. Um
homem que trabalhou muito, aqui em Porto Alegre, na Coluna Cidade Aflita.
Esta Coluna era dedicada à Cidade e, por isso, ele, diariamente, percorria as
Secretarias Municipais e participava, já naquela época, em que era Prefeito o
Loureiro da Silva, da maioria das Reuniões Plenárias da Câmara. Quer dizer, a
vocação do Adaucto era ser aquele nosso querido “Embaixador” do Prefeito, que
carinhosamente todas as bancadas, todos os amigos o apelidaram. Ele era o
verdadeiro Embaixador do Executivo, a partir de 1989, quando o Prefeito Olívio
Dutra o convidou para trabalhar e, posteriormente, participou de todo o Governo
do Prefeito Tarso Genro e do Governo, agora, Raul Pont.
Queria dizer que ele
participou ativamente, em 61, do Movimento da Legalidade. Foi testemunha do
encontro entre João Goulart e Tancredo Neves para acertar uma forma
parlamentarista de governo. Depois, em 64, por ter-se rebelado contra o regime
militar, por motivos políticos, acabou tendo que trabalhar na condição de
operário de uma obra ferroviária, que é a Ferrovia Brasília-Pires, em Goiás.
Cobriu a Copa do Mundo. Participou de muitas atividades, mas o que mais nos
interessa, além desse currículo enorme, é dizer que conservamos a cadeira vazia
que ele ocupava, dizendo que ele está presente aqui conosco - o Adaucto, que
sempre estava aqui e que não arredava o pé daqui enquanto não acabávamos os
trabalhos. Ele era o “homem da madrugada”, como chamava o ex-Prefeito Olívio
Dutra, pois antes de o Prefeito chegar na Prefeitura, às seis horas da manhã, o
Adaucto já estava com todas as notícias para dar ao Prefeito. O Adaucto, com
sua camaradagem e fanatismo pelo futebol, pelo Internacional, cobriu a Copa do
Mundo de 70.
Não tem como não ficar
emocionado ao falar do Adaucto, porque ele era um amigo nosso. Ele trabalhou
auxiliando prefeitos, mas trabalhou pela Cidade. Seu trabalho foi muito
significativo para a nossa Cidade e me sinto honrado por estar falando em nome
da Bancada do Partido dos Trabalhadores, fazendo esta saudação em memória deste
homem maravilhoso, que nos deixou uma lacuna, mas também nos deixou
ensinamentos que são dignos de serem seguidos. Ele foi Cidadão Emérito de Porto
Alegre e eleito por unanimidade por esta Casa.
Faleceu um amigo, mas ficou
uma lição de vida, de esperança, de companheirismo, de ética, de fraternidade.
Um homem maravilhoso que hoje é homenageado, juntamente com os 225 anos desta
Câmara! Obrigado a todos. Adaucto vive! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. Pedro Ruas, que falará pelo PDT.
O
SR. PEDRO RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Para nós, é sempre um momento de muito orgulho falar no aniversário
da Câmara Municipal, 225 anos, e essa coincidência de que temos, neste momento,
caro amigo Fortunati, a oportunidade de homenagear o Adaucto Vasconcellos.
Em brevíssimas palavras, é
fundamental registrar que a importância do Adaucto se dá, exatamente, na medida
em que a sua ausência é sentida. Todos nós que tivemos a honra, a alegria de
conviver com o Adaucto, podemos avaliar, quando olhamos a “cadeira vazia”
referida pelo Ver. Clovis Ilgenfritz, a falta que o nosso amigo faz no
Plenário, que o nosso amigo faz em cada momento em que se dedicava a orientar,
a conversar, a ter uma palavra amiga e, em um outro momento, a piada certa para
o momento adequado. O Adaucto conseguia aliar uma competência extraordinária
para as suas funções em relação às quais ele foi designado com uma naturalidade
de ser amigo, Vera. Anamaria, de todos nós. Há muito mais tempo do que se
imaginava, ou que talvez ele próprio imaginasse, esta Câmara já era devedora do
Adaucto. E se a Câmara Municipal era devedora do Adaucto Vasconcellos, com
certeza, como conseqüência direta, a Cidade inteira era devedora do Adaucto
Vasconcellos pelo seu trabalho, pelo seu talento, por sua capacidade de unir e
pela forma como ele sempre exerceu sua atividade - com dignidade, com altivez,
com orgulho da sua função.
Quando o Ver. João Dib criou
o apelido de “Embaixador” e todos nós o adotamos imediatamente, tive, há muitos
anos, a idéia clara de que nunca houve uma designação melhor para o Adaucto
Vasconcellos. Porque ele não era apenas o embaixador na condição de
representante do Prefeito Municipal; ele era um embaixador na acepção integral
da expressão: um homem educado, um homem fino, um homem com extrema paciência,
com rara habilidade e com um talento extraordinário.
Então, fica esse registro de
que, no aniversário da Câmara Municipal de Porto Alegre, nos seus 225 anos, a
Bancada do PDT, com muito orgulho, deixa o registro da imensa saudade, do
imenso reconhecimento que tem em relação a S. Exa., o “Embaixador”. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra para falar em nome do PTB.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) A Bancada do PTB tem a alegria e a honra de poder também aqui se
manifestar prestando a sua homenagem a Adaucto Vasconcellos, nós, que tivemos a
oportunidade de conviver com ele desde 1993, quando assumimos nesta Casa.
Outros companheiros, como o Ver. Luiz Braz, conviveram bem mais tempo, e todos
nós nutrimos um carinho muito grande pelo Adaucto, um respeito muito grande por
sua postura, buscando sempre conciliar, buscando sempre caminhos para soluções
entre os interesses da Câmara de Vereadores, os interesses do Executivo
Municipal, cumprindo as suas funções com responsabilidade e seriedade, buscando
equacionar todas as questões que eram preocupações desta Casa.
A Bancada do PTB sempre
teve, apesar de estarmos em campos opostos - situação e oposição -, apesar de
sermos uma bancada oposicionista na Casa, a atenção de Adaucto. Tivemos sempre
uma resposta. Por mais negativa ou positiva que fosse, ele estava sempre lá nos
dando a resposta aos nossos encaminhamentos. Isso era muito importante, era um
papel que desempenhava com sabedoria, de maneira altaneira dentro da Câmara,
fato que granjeou respeito e confiabilidade de todos os companheiros nesta
Casa.
Sentimo-nos muito felizes
por poder homenagear o Adaucto, ele que deu um testemunho muito bravo, lutando
contra o câncer durante tantos anos. Quantas vezes ele dizia nos corredores:
“Hoje estou meio para baixo”. Nós dizíamos: “Que nada, Adaucto, levanta e vamos
para frente. Não tem nada que fazer uma postura de derrota, jamais. Tu vais
vencer, vencer e vencer”. E o Adaucto, sempre com toda essa motivação que todos
nós dávamos a ele, acho que isso contribui para, durante muitos anos, ele ir
vencendo a doença. Ele conseguiu mostrar que a força de vontade, o poder da
mente é fundamental num processo tão grave como o que ele enfrentou. Isso tudo
nos leva a prestar essa homenagem pelo exemplo positivo que o Adaucto nos
deixou da sua força de vontade, dedicação e desejo de vencer a sua luta.
Hoje, tenho certeza, ele
está junto a Deus, no coração do Pai e recebendo paz e tranqüilidade, o que
algum dia nós todos encontraremos na casa do Pai. É essa a homenagem que o PTB
deixa ao nosso querido Adaucto Vasconcellos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Sr.
Lauro Hagemann está com a palavra pela Bancada do PPS.
O
SR. LAURO HAGEMANN: (Saúda
os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, para mim é uma tarefa agradável e
difícil, ao mesmo tempo, falar do Adaucto. Adaucto e eu militamos juntos no
velho PCB.
O camarada Adaucto nunca se
despiu integralmente da sua condição, embora tivesse assumido integralmente o
Partido dos Trabalhadores. Mas o que caracterizou o Adaucto na sua trajetória
profissional fui o senso de lealdade. Disso ele nunca abdicou! Fosse a quem ele
estivesse dedicando o seu esforço, o seu trabalho, ele o fazia com absoluta
lealdade. Essa Casa deve ao Adaucto um esplendor novo. Antes de o Olívio ser
Prefeito, nós chamávamos - ele, que era o elemento de ligação entre o Executivo
e esta Casa -, carinhosamente, de “espião do Prefeito”. A partir do convite do
Olívio para que o Adaucto viesse fazer essa ligação, essa tarefa, ele passou a
ser chamado o “Embaixador”, e foi isso que o caracterizou durante a sua
passagem por aqui. Mudou o sentido do relacionamento.
Já foi dito que o Adaucto
tinha uma capacidade incrível de costurar os entendimentos desta Casa com o
Executivo, e ele o fazia de forma admirável. E isso nós discutíamos muitas
vezes quando eu o levava para casa de automóvel, depois do expediente. Era um
aprendizado que nós tínhamos do velho Partidão. Nós tínhamos a consciência de
que só essa costura, essa possibilidade de união das forças mais díspares
levaria a algum resultado, e isso ele exerceu do primeiro ao último dia em que
esteve aqui. Se fosse outro, talvez não tivesse conseguido as equações
políticas que se armaram nesta Casa para conseguir determinados resultados. E
tanto o Olívio, que o trouxe para cá, quanto o Tarso, que o manteve, quanto o
Raul Pont, que também o manteve, tiveram dele a inexcedível colaboração de
levar daqui o que se passava de real com a Casa. Ele não aumentava nada nem
diminuía. Ele portava os nossos recados com a segurança daquilo que sabia que
estava fazendo.
Por isso, aquela cadeira que
o Adaucto ocupava vai ficar muito tempo ali, desocupada, apenas com a lembrança
daquela figurinha simpática que transitava tranqüilamente por todas as bancadas
da Casa, recebendo de todas o carinho, a atenção e o respeito que ele soube
granjear através do tempo.
Eu me sinto muito à vontade
para elogiar o Adaucto, fui seu amigo.
Gostaria de lembrar à Casa
que nós estamos hoje comemorando os 225 anos da Câmara e também um outro
acontecimento do qual Adaucto foi um dos grandes expoentes, a Legalidade. Foi
ele que, junto com outros, elaboraram este livrinho. Ele foi o responsável pela
junção dos depoimentos que culminaram neste livro - Legalidade que nós estamos
comemorando. Esta semana faz 37 anos que esses fatos se desenrolaram, e Adaucto
está aqui refletido de corpo inteiro. Esta é a homenagem que esta Casa pode
prestar e prometer à memória do Adaucto, que nós continuaremos fiéis aos seus
ensinamentos e, sobretudo, ao seu exemplo.
Aos familiares do Sr.
Adaucto, os nossos respeitos, e a todos nós, que sejamos dignos da memória
dele. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Hoje, às
8 horas da manhã, aqui na Câmara Municipal, nós tivemos o hasteamento das
bandeiras, a inauguração dos “brise soleil”, que fazem parte da nova fachada da
Câmara Municipal. Também tivemos hoje a inauguração dos jardins internos desta
Casa, agora o descerramento dos brasões, a inauguração da nova agência do
Banrisul, no 3º andar. E agora, às 18h30min, a inauguração da fotografia do
Clovis, na Galeria dos ex-Presidentes. Amanhã à tarde, teremos um grande debate
com a presença do Dr. Mathias Flach, com a presença do Álvaro Copetti e do Dr.
Jaime Sirotsky. Convido todos para que, amanhã, estejam aqui conosco, fazendo
parte desse debate que nós vamos ter aqui na Câmara Municipal.
A Vera. Sônia Santos
solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi apregoado Requerimento
de licença da Vera. Sônia Santos e dada posse ao Suplente, conforme consta na
Ata.)
O Ver. José Valdir solicita
Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado
Requerimento de licença do Ver. José Valdir e dada posse à Suplente, conforme
consta na Ata.)
O Ver. Hélio Corbellini está
com a palavra, em Grande Expediente, pela Bancada do PSB.
O
SR. HÉLIO CORBELLINI: (Saúda
os componentes da Mesa.) Coube a mim falar pelo PSB e, quando pensava em que
dizer, optei por ler o discurso que fiz quando do falecimento do meu amigo
Adaucto porque naquele dia tudo o que saiu, Ver. Garcia, foi do fundo do
coração, e vou ler este discurso.
(Lê.)
“Tu te lembras, meu velho
amigo Adaucto, quando nos conhecemos, quando eu, novo e inseguro Secretário de
Governo, bebi da tua sabedoria e me explicavas como eram as relações com a
Câmara de Vereadores? Naquela nossa primeira crise da Administração Popular, do
Prefeito Olívio Dutra, tu, com toda a tua experiência, diariamente, muito cedo,
de manhã, tu vinhas com paciência e nos explicavas cada personalidade dos
Vereadores desta Casa. Adaucto, o coração está apertado, a garganta arranhando,
porque nós, ocidentais, da cultura cristã, costumamos chorar a perda de nossos
amigos, mas, velho amigo e colorado Adaucto, prefiro, neste momento, a cultura
oriental, que, diante da importância de quem morreu, faz uma festa. E se
estivéssemos naquela cultura seguramente estaríamos numa semana de festas,
cantando à sociedade tudo o que fizeste, tanto na luta contra a injustiça,
quanto nas relações que ajudaste a aperfeiçoar na democracia. Eu largaria o
nosso egoísmo em não querer te largar e cantaria em prosa e verso a tua
importância.”
Tu foste o 34º Vereador
desta Casa, Adaucto. Espero, e tenho certeza que estás olhando, que ilumines
com toda a força da tua estirpe guerreira, sempre, as relações desta Casa, para
que cada vez mais, com tua honra, amplies o espaço da democracia e das relações
fraternas e solidárias. Adaucto, hoje é segunda-feira, as saudades apertam,
pois ontem o nosso time jogou e perdeu. O nosso adversário empatou. E é o que
está faltando nesta Câmara para que as relações fiquem mais fraternas, porque
só tu, Adaucto, sabias trazer ao nosso embate, por mais duro e viril que fosse,
só tu, com as brincadeiras, que tu fazias intencionalmente, a fraternidade para
a nossa convivência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra pelo PSDB.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: (Saúda
os componentes da Mesa.) Eu não tenho dúvidas de que o Adaucto, esteja onde
estiver, está, neste momento, nos acompanhando e talvez até se divertindo,
Presidente Braz, Vice-Prefeito Fortunati, Dona Judith, companheiros de Mesa,
com as várias coisas que estamos dizendo, mas, sobretudo, com aquelas que nós
não estamos dizendo, mas que, certamente, estão na memória de cada um de nós,
das várias histórias, dos vários episódios, dos vários momentos em que o
Adaucto, na sua função específica, chegava aqui na Casa, às vezes muito cedo,
pela manhã, e ia de gabinete em gabinete, tomando o seu cafezinho, batendo um
papo e construindo, gradualmente, a possibilidade de consenso dos votos da
maioria que possibilitasse a votação e a aprovação de um projeto nesta Casa.
Sinto-me, Sr. Presidente,
muito especialmente satisfeito de termos, neste momento, esse Grande Expediente
dedicado à memória de Adaucto Vasconcellos, porque foi a idéia que nos ocorreu
logo naquela segunda-feira, após o seu falecimento, de que essa homenagem não fosse
de um Vereador, de uma bancada, mas fosse da Instituição, a instituição que, de
um lado, ele honrou, a instituição que, ao mesmo tempo, acabou se tornando,
efetivamente, a sua casa, a instituição para a qual ele deu uma lição
fantástica, talvez a lição mais importante, que está muito próxima à imagem de
um Legislativo, e deste Legislativo de Porto Alegre - a imagem de resistência.
Muitos dos nossos
companheiros aqui, em nome das diferentes bancadas, já registraram a maneira
pela qual o Adaucto conseguiu transformar a sua tarefa aqui dentro,
profissional, na sua maneira de dizer “não” à morte, de dizer “não” à doença, e
se tornou para nós uma referência permanente, sobretudo porque sabemos que não
era só a questão dele, particular, mas era todo um contexto familiar que também
o deixava extremamente preocupado com o seu dia-a-dia, mas que ele conseguia
deixar de lado, esconder para trazer aqui toda a sua força na dedicação ao
trabalho que desenvolvia aqui.
Por outro lado, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, acho que esta Casa soube, tanto no encaminhamento
formal, enquanto instituição, quanto no relacionamento dos 33 Vereadores e dos
funcionários, de um modo geral, esta Casa soube com o Adaucto, como tem feito,
aliás, com outras figuras tão típicas que freqüentam este Plenário, soube
também acolher o Adaucto com carinho, com respeito, fazendo com que ele
encontrasse, efetivamente, um espaço, um sentido de vida, um modo de ser e que
se tornou a sua marca registrada. Por isso me parece que é justo que nesta semana
em que comemoramos os 225 anos desta Casa, e que certamente deve orgulhar a
Cidade de Porto Alegre, nós possamos também, neste momento, não apenas lembrar
a memória de Adaucto, mas, através dos Anais da Casa, fixar essa imagem, para
todo o sempre, na história da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra. Fala pelo PPB.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Como Vereador com
mais tempo de Câmara, pude, sempre, sentir bem a importância da presença do
Adaucto Vasconcellos neste Plenário.
Até a Administração Telmo
Thompson Flores, o Prefeito não tinha uma pessoa que servisse de interlocutor
entre os Vereadores e ele. Até aquela administração, a Câmara de Vereadores
mandava, diariamente, cópia dos Anais, fato que deixou de acontecer. E o
Prefeito precisava saber o que estava ocorrendo.
O Prefeito Thompson Flores,
Villela, eu também, tivemos pessoas que ouviam por nós o que ocorria na Câmara
Municipal. Nenhuma restrição a eles, mas eles ouviam e, às vezes, transportavam
a informação com um pouco de incêndio. Não era o caso de Adaucto Vasconcellos.
Eu já o conhecia há bastante tempo e logo vi que ele era um diplomata. Por isso
o chamei de “Embaixador”, e, realmente, o título lhe assentava como uma luva,
porque ele sabia agir com diplomacia, contornando crises que se criavam, nesta
Casa, entre as várias bancadas e dentro da própria bancada de que ele
participava. Ele era um embaixador, mas, na verdade, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, Adaucto Vasconcellos era, acima de tudo, um exemplo de vida. Um
homem doente, permanentemente preocupado com a sua família, sem nunca deixar de
atender, com rigorismo, as suas responsabilidades.
Tenho absoluta convicção,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que lá do céu o Adaucto Vasconcellos está-nos
olhando com aquele olhar brincalhão, aquele sorriso brejeiro, dizendo para nós:
“Por favor, não esqueçam da minha família”. Saúde e paz.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. Fernando Záchia pela Bancada do PMDB.
O
SR. FERNANDO ZÁCHIA: (Saúda
os componentes da Mesa.) Falar do Adaucto Vasconcellos, para nós, fica um pouco
difícil, pela saudade que temos quando lembramos dessa figura querida. E eu
dizia aqui, logo após o falecimento do Adaucto, que tive o prazer de conhecer e
aprender muito com ele.
O Adaucto tinha diversas
qualidades, mas uma que marcou muito este Vereador foi o respeito que ele tinha
com o Parlamento, o respeito que tinha com a Câmara Municipal.
Em diversas vezes nós, no
calor do debate político, quando precisávamos de uma pessoa mais experiente
para amenizar, até, a discussão política, sempre encontramos no Adaucto um
referencial, aquele homem preocupado com as decisões que levariam benefício
para a nossa Cidade, independente da origem, se era do Executivo, se era do
Legislativo. Eu resumiria o Adaucto como sendo aquele homem que respeitou, e
muito, o Parlamento Municipal, aquele homem que honrou o nosso Parlamento,
sabendo exatamente a posição e a função de nós, Vereadores. Então a ele, sem
dúvida alguma, fica a nossa saudade, mas fica do Adaucto o exemplo para esta
Casa. Quando nós, Vereadores que estamos ocasionalmente passando nesta Casa,
tivermos que lembrar dos bons exemplos, certamente o Adaucto Vasconcellos
estará entre eles. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra pelo PFL.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Srs. convidados, familiares do nosso prezado
Adaucto. É evidente, Sr. Presidente, que tínhamos que nos integrar nessas
homenagens póstumas que estão sendo tributadas com muita justiça à figura do
nosso “Embaixador”. Já tivemos a oportunidade de nos referir a ele como sendo
uma das pessoas que, certamente, deixará um claro muito amplo de difícil
preenchimento no relacionamento que durante muito tempo se estabeleceu, pela
sua via, entre esta Casa e o Executivo Municipal.
Tudo o que já foi dito a
respeito do nosso querido Adaucto é uma prova incontestável de que, apesar de o
Adaucto ser uma pessoa de posições políticas muito firmes, ele sabia sustentar
suas posições de forma muito inteligente e, sobretudo, muito fidalga. Isso
permitia que nós tivéssemos na Casa uma convivência muito fértil, que
possibilitava resultados positivos no relacionamento entre o Executivo e o
Legislativo e, por conseqüência, para a Cidade de Porto Alegre, que não apostou
no confronto entre os Poderes. Pelo contrário, busca que eles se intercambiem
entre si e que dessa soma resultem conseqüências positivas para o cotidiano do
porto-alegrense, para o cotidiano do nosso cidadão, que pretende, da ação do
Poder Público, quer pelo órgão Executivo ou Legislativo, medidas concretas,
positivas, que representem uma contribuição a mais na busca permanente da
melhoria da qualidade de vida da sociedade de Porto Alegre.
Eu tenho absoluta certeza
que o Adaucto deixou escola neste Legislativo e que, certamente, aqueles que
vierem a representar o Executivo Municipal, na sua permanente convivência com a
Casa, haverão de se inspirar na sua eficiente atuação e prestar-lhe uma
homenagem muito profunda, que é a do reconhecimento do seu ensino conseqüente,
altamente positivo, que a todos encantava e que permitia, não raro, que algumas
desinteligências fossem superadas mercê da sua atuação de somador do interesse
público, de somador da boa causa, de somador do processo maior que nos envolve,
num ou noutro segmento, isto é, no processo democrático em permanente evolução.
Então, sabendo que hoje recebemos pessoas amigas do Adaucto - a Dona Judith e
seus familiares -, nós reafirmamos posições anteriormente colocadas desta
tribuna no sentido de estabelecermos, de um lado, a perda profunda que todos
lamentamos e, de outro, a certeza de que as pessoas, quando são grandes e
contribuem para a sociedade, mesmo ausentes, se fazem sentir. E o Adaucto
haverá de se fazer sentir pelo exemplo e pela lembrança que queremos manter
viva em nossas memórias, de um ser cordial, fraterno, e de um amigo que tivemos
- eu, que vim a conhecê-lo nas lides legislativas e tinha, com ele, um
antagonismo ideológico abismal, antagonismo que não se restringia à vida
política, invadia o campo esportivo, porque eu era sua vítima predileta das
suas costumeiras e inteligentes “flautas”. Vamos sentir saudades dele, mas, com
certeza, essa saudade será amenizada por seu exemplo. E quando precisarmos
buscar na Casa um entendimento, haveremos de evocar a sua memória e,
certamente, em homenagem a ele, vamos transigir, como ele sempre fazia, na
busca do entendimento.
Era isso que, em nome do
PFL, nós tínhamos que acrescentar às muitas homenagens que, com justiça, já
foram tributadas a esse grande cidadão, grande ser humano e a esse grande amigo
que nós sempre tivemos, e eu, particularmente, me honrava em tê-lo entre
aqueles que eram por ele acalentados por um carinho e por uma solidariedade
muito fraterna. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Sr.
Vice-Prefeito José Fortunati está com a palavra.
O
SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Quero, em nome do Prefeito Raul Pont e dos familiares do nosso querido Adaucto,
agradecer a homenagem que está sendo prestada a esse grande companheiro. Mais
uma vez, o Parlamento Municipal mostra a sua sensibilidade em prestar
homenagens a quem tem, ao longo do tempo, construído o cotidiano da nossa
Cidade.
Eu não tenho dúvidas de que
o Adaucto, durante dez anos, acabou construindo uma relação entre o Legislativo
e o Executivo de uma forma bastante diferenciada - aliás, o que já foi
reconhecido desta tribuna pelos vários parlamentares que a utilizaram.
Todos sabemos que não se
trata de uma situação muito fácil. Eu fui parlamentar durante dez anos também e
sei o quanto é difícil fazer-se essa relação diária, cotidiana, com
inteligência, com ética, com sensibilidade. Acredito que o companheiro Adaucto
tenha, ao longo desses dez anos, se portado dessa forma, feito uma relação
privilegiada entre o Executivo e o Legislativo, com ética, acima de tudo, com
essa sensibilidade que lhe era peculiar, com inteligência, para traduzir para o
Executivo as coisas que aqui efetivamente aconteciam, sem aumentar ou diminuir
os fatos aqui colocados, analisados, debatidos e, principalmente, com respeito
profundo a esta Casa Legislativa.
Sem dúvida nenhuma, esta
homenagem que o Parlamento Municipal realiza engrandece o Parlamento porque
lembra uma das figuras que foi um agente político da maior importância. Mesmo
não tendo mandato, esteve aqui presente, contribuindo de uma forma cotidiana,
de uma forma contundente, de uma forma eficaz para que os projetos de interesse
da nossa Cidade e as relações entre os dois Poderes pudessem, a cada dia, ser
costurados em benefício da nossa população.
Desejo, mais uma vez, em
nome do Prefeito Raul Pont, agradecer esta justa homenagem que se presta ao
companheiro Adaucto. Que as luzes do universo o iluminem e que o companheiro
Adaucto ilumine as nossas atividades, tanto no Executivo, quanto no
Legislativo, porque, certamente, a sua companhia em muito vai continuar
engrandecendo as relações dos dois Poderes, visando sempre ao bem da nossa
Cidade! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Chegamos
ao final deste Grande Expediente que homenageou o nosso querido Adaucto
Vasconcellos. Uma jornalista, hoje pela manhã, perguntou-me se nós iríamos ter
somente comemorações durante esta semana. Eu respondi que nós iríamos votar
projetos, que as atividades da Câmara de Vereadores seguem absolutamente
normais.
Estão suspensos os trabalhos
para nos despedirmos de nossos convidados.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h53min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 15h59min): Estão
reabertos os trabalhos. (Palmas.) Como sei que daqui a pouco vamos debater aqui
no Plenário uma matéria que é bastante controversa, bastante polêmica, pediria
que, por favor, aqueles que estão na platéia, que nos dão um prazer muito
grande com suas presenças, não se manifestassem por aplausos ou vaias porque é
proibido pelo nosso Regimento.
É um prazer muito grande
recebê-los.
O Ver. Paulo Brum está com a
palavra em Comunicação de Líder, estreando o acesso à tribuna, que agora poderá
ser utilizada pelos deficientes físicos. (Palmas.)
O
SR. PAULO BRUM: Sinto-me
como se estivesse vestindo uma roupa nova.
Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, demais pessoas que nos visitam na tarde de hoje, professores
municipais, uma saudação especial. Quero parabenizar e agradecer a
sensibilização da nossa Diretoria, em nome do seu Presidente e outros demais
presidentes que o antecederam, e dizer que conquistamos o nosso direito de
plena participação aqui neste Legislativo.
Quando assumimos esta Casa
em 1995, não tínhamos nem elevador. Num prazo de três anos, conseguimos fazer
com que a nossa Casa Legislativa, a nossa Casa do Povo desse oportunidade para
que todos os cidadão tivessem o pleno acesso e a plena participação. Quero
agradecer a V. Exa. pela conclusão do nosso acesso a este Plenário, a esta
tribuna.
Sr. Presidente, a nossa
luta, enquanto cidadãos portadores de deficiências, foi marcada por
persistência, por garra, por coragem e por determinação. Num primeiro momento,
nós buscamos o reconhecimento da nossa sociedade na busca da nossa plena
integração social. Num segundo momento, foi a sensibilização dos Poderes
Legislativos e, à conseqüência, dos Poderes Executivos.
Nós temos, já, uma luta de
mais de vinte anos em cima de uma cadeira de rodas, participando do movimento
organizado pelas pessoas portadoras de deficiências. Tivemos agora, na
quinta-feira passada, no encerramento da I Semana Municipal das Pessoas
Portadoras de Deficiência, Projeto de Lei instituído por este Legislativo e
regulamentado pelo Executivo. E nós lá, na quinta-feira, ao encerrarmos a I
Semana Municipal, no Salão Nobre da Prefeitura, tivemos a grata satisfação e o
prazer de poder presenciar, testemunhar a assinatura, pelo Sr. Prefeito
Municipal, do Decreto nº 12.079, que regulamenta a Lei nº 7.951, de 8 de
janeiro de 1997, que institui, no sistema de transporte individual de
passageiros, a categoria perua-radiotáxi, que é o nosso táxi especial, táxi
este que vai possibilitar o transporte de um cidadão que utiliza uma cadeira de
rodas para se locomover.
Nós queremos dizer que essa
foi a nossa luta e agradecemos a sensibilidade do Poder Executivo, fazendo com
que Porto Alegre também tenha mais este sistema de transporte para facilitar a
vida de um portador de deficiência.
Queremos, também, Sr.
Presidente, nos antecipar a um Projeto de Lei que o Executivo está protocolando
nesta Casa, que para nós, cidadãos portadores de deficiência física, é de
extrema importância. O Sr. Prefeito, publicamente, também assinou este Projeto,
que dispõe sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas em edificações,
logradouros de uso público e dá outras providências. Isso quer dizer que todas
as edificações em logradouros de uso público deverão ser adequadas a fim de
permitir o acesso e a circulação livre, segura e independente a todas as
pessoas, em especial idosos, crianças, portadores de deficiência, gestantes,
obesos. A nossa Capital já está colocando adiante, em primeira mão, uma
reivindicação que os participantes da Frente Nacional de Parlamentares e
Executivos Portadores de Deficiência reivindicam a todos os presidenciáveis,
onde essa Frente procura sensibilizar o Poder Executivo na adoção de programas
a curto prazo de remoção de barreiras arquitetônicas através de adaptações de
todos os prédios públicos, inclusive os que foram tombados pelo Instituto do
Patrimônio Histórico Nacional, assegurando o acesso, a locomoção de pessoas
portadoras de deficiência por meio de rampas, elevadores, pisos, portas
adequadas, sanitários adaptados, estacionamento especial.
Queremos parabenizar o nosso
Poder Executivo, nosso Prefeito Municipal da Capital do Estado do Rio Grande do
Sul e dizer que Porto Alegre se coloca, mais uma vez, como uma das capitais
pioneiras na busca de garantir a plena integração do cidadão portador de
deficiência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. Carlos Garcia para uma
Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na semana passada, comentamos nesta tribuna dois
fatos: um, relativo à bolsa de atletas, que o Governo do Estado está devendo
sete parcelas. Falamos que o Sr. Governador do Estado levou os atletas de
diversas modalidades esportivas para um ato solene. Concedeu a primeira bolsa,
no primeiro mês; logo em seguida, o segundo mês, e até agora não foi concedida
nenhuma parcela. Hoje, recebemos do Diretor de Desporto uma correspondência,
que passo a ler.
(Lê.)
“Porto Alegre, 31 de agosto
de 1998. Sr. Vereador, estamos nos dirigindo a V. Sa. no sentido de esclarecer
que o Projeto de Bolsas Olímpicas é um projeto que procura beneficiar os
atletas gaúchos com chances de chegarem a um alto rendimento e terem a
possibilidade de compor a equipe brasileira nos jogos olímpicos de Sidney 2000
e Grécia 2004. Quanto às parcelas de bolsas para os atletas, realmente estão em
atraso, mas esclarecemos que é devido ao processo de reavaliação em conjunto
com as federações envolvidas no Projeto. V. Sa. tem uma brilhante e exemplar
história de vida calcada no desporto como atleta, treinador, professor,
dirigente e presidente de associação e é como poucos conhecedor das
dificuldades e de todo o nosso esforço para com as causas do esporte em nosso
Estado. Por isso agradecemos, compreendemos e entendemos a sua compreensão e
preocupação com o Projeto. Aproveitamos a oportunidade para convidar V. Sa. e todos
os Vereadores a nos visitarem e conhecerem as nossas ações em benefício do
esporte do nosso Estado. Certo de sua indispensável atenção e compreensão, José
Haroldo Loureiro Gomes, Diretor do Departamento de Desporto.”
Fiz questão de ler porque
estamos dando mais um prazo, de uma semana, pois é o prazo que o Governo do
Estado está se comprometendo a pagar as sete parcelas que deve para os atletas.
Dissemos que inúmeros atletas largaram seus trabalhos e têm bolsas de valor
altíssimo, chegando até dois mil reais, e esses atletas estão dependendo desses
subsídios para seu sustento junto a algumas universidades.
Estamos esclarecendo o fato
e esperamos não tocar nesse assunto novamente porque acreditamos que o Governo
do Estado vai ser zeloso e não vai mais dever sete parcelas, pois na próxima
semana estará devendo nove parcelas.
Fizemos uma outra denúncia,
relativa à Escola Estadual de Primeiro Grau Pacheco Prates, em Belém Velho.
Tivemos a oportunidade de visitar esta escola. Verificamos algumas situações.
Primeira, a falta d’água. A escola estava há seis dias sem água e seus alunos
estavam saindo mais cedo em função desse fato, e no jornal Correio do Povo de
ontem o próprio Diretor do DMAE reconhece essa dificuldade. Mas queremos também
colocar que, durante toda a semana, um caminhão-pipa do DMAE se fez presente no
local. É importante registrar esse fato.
Além do mais, a turma estava
com alto número de alunos. Entendemos que 38 alunos numa série de currículo por
atividade é um número excessivo. A Secretaria de Educação reconheceu e já fez
um remanejo nessa turma. Agora só está pendente a questão do ônibus. As aulas
deveriam começar às 7h45min, mas começam 8h, 8h10min, em função dos ônibus do
entorno, porque ali foi feito um transbordo e o ônibus não consegue chegar no
horário, invertendo o processo, a escola tendo que se adaptar ao horário do
ônibus. Só falta esse segmento, e novamente vamos insistir ao Sistema de
Transporte Soul para que providencie, o quanto antes, para que as crianças
possam ter o horário normal de aula. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Gerson Almeida solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia
de hoje.
(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Gerson Almeida e dada posse à Suplente, conforme consta na Ata.)
O Ver. Renato Guimarães está
com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder.
O
SR. RENATO GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, subo à
tribuna em nome da Bancada do PT para comentar e divulgar dois pronunciamentos
feitos nesse fim-de-semana, que são, no meu entendimento, da maior importância
para o País. São pronunciamentos feitos pelo candidato a Vice-Presidente da
chapa do Lula, Leonel Brizola. Num pronunciamento, ele fala sobre a situação de
o País estar à beira da crise e, no outro, ele coloca que responsabilidade, que
discurso, que práticas o Governo Federal está tendo para enfrentar a chamada
crise financeira que se anuncia.
Sabemos que esta é uma
semana de festejos na Câmara de Vereadores, mas não poderíamos deixar de trazer
este assunto ao Plenário. Entendemos que, por mais que estejamos vivendo esse
momento de campanha eleitoral no País e a mídia esteja toda voltada ao que os
candidatos oferecem em suas propostas, temos que chamar a atenção da população.
E a mídia tem que ser chamada a atenção para o fato de que estamos enfrentando
a mais séria crise do capital financeiro, a mais séria crise do chamado projeto
neoliberal. E digo isso porque já vimos, nos últimos meses, nos mercados da
Ásia - caírem no buraco -, Japão, México, Argentina, Venezuela. Na semana
passada, vimos o anúncio da queda do mercado da Rússia. Todos os analistas
econômicos brasileiros dizem que a bola da vez é o Brasil. O Brasil tirou, na
última semana, 10 bilhões da sua reserva para estancar a saída de capital do
País. Cinqüenta por cento do que o Brasil gastou em saúde no ano passado o
Governo Federal gastou; 20 bilhões em saúde no ano passado. E somente em uma
semana o Governo retirou para colocar no mercado de capitais, como forma de
pagamento dos juros, o que chamamos de recolhida do capital financeiro. O
capital financeiro internacional está sentindo que a nossa economia está muito
fragilizada e está-se retirando e, em contrapartida, aumentam os juros. E nós
sabemos o que isso causa. O Governo está tirando dinheiro das reservas e
botando nesse mercado para assegurar aqui o investidor internacional. Isso é
suicídio. É tirar dinheiro que deve ser aplicado em educação e saúde. E aí,
Ver. João Dib, o seu partido, que dá apoio no Congresso Nacional ao Governo
Fernando Henrique, deve chamar a atenção do Presidente. Neste momento, ele tem
que ter a hombridade de se desligar da condição de candidato a Presidente da
República e assumir o cargo de Presidente da República, tomando medidas
urgentes, porque senão haverá a falsa estabilidade até 4 de outubro e, após, o
País vai mergulhar na mais séria crise que nós já vivemos.
Certamente, o Ver.Luiz Braz
está preocupado com essa situação. Todos os Vereadores, Deputados Estaduais e
Federais estão preocupados com essa situação. Nós não estamos brincando. O
Brasil é a bola da vez. Não foi por nada que o próprio Ministro Malan
autorizou, na semana passada, a retirada do cofre brasileiro de 10 bilhões de
reais, porque sabe o risco que a nossa economia está correndo.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, neste momento não podemos ter um Presidente da República que se
ausenta da sua cadeira de Presidente para se tornar um candidato irresponsável,
fazendo um discurso de que o Brasil está fora dessa crise internacional. O
Brasil não está fora. Ele é o próximo a ser afundado nessa crise internacional.
A nossa Bancada chama à
responsabilidade as demais bancadas que dão apoio ao Governo para que chamem a
atenção do Sr. Presidente da República, para que ele tome medidas urgentes e
não deixe o País cair nessa séria recessão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO (Requerimento): Sr.
Presidente, solicito que o Vereador que está na tribuna retire o termo “irresponsável”
em relação ao Presidente da República.
O
SR. PRESIDENTE: O
Vereador tem o direito de fazer este Requerimento. Consulto o Ver. Renato
Guimarães se deseja retirar o termo ou não. (Pausa.) O Vereador não deseja
retirar o termo.
A Vera. Anamaria Negroni
está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PSDB.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI:
Sr. Presidente, Sra. Vereadora, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores que aqui
prestigiam nossa Sessão nesta tarde. Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar
a Direção da Casa, o Presidente, a Mesa Diretora pela inauguração desses
brasões, muito bonitos, que realmente vieram ornamentar, e muito bem, o nosso
Plenário. Agora estou falando da tribuna cujo brasão representa o Laçador; na
outra tribuna, o brasão de Porto Alegre e, ao centro, o brasão da Câmara
Municipal. De parabéns também está o Ver. Paulo Brum por ter conseguido,
finalmente, com um projeto seu, com um pedido seu, chegar até a tribuna, pois
existia uma dificuldade muito grande. Parabéns, Vereador, por mais esta
conquista, uma conquista pessoal, somada a tantas outras que tem conseguido
para pessoas portadoras de deficiência física.
Gostaria de me reportar ao
pronunciamento do Ver. Renato Guimarães, que sempre é muito agressivo nos seus
pronunciamentos quando se trata do nosso Presidente da República. Desde o
início do meu mandato, 1º de janeiro de 1997, eu o ouço referir-se ao nosso
Presidente da República como FHC, “ele” ou alguma coisa assim. Então, a pedido
desta Vereadora, a nossa Bancada, no ano passado, fez um acordo com as demais
bancadas no sentido de que nenhum Vereador desta Casa se referisse ao nosso
Presidente da República como FHC, mas sim como o nosso Presidente ou Presidente
da República, porque esta Vereadora sempre se referiu ao Sr. Prefeito desta
Capital, ao Governador do Estado, como nosso Prefeito, nosso Governador, embora
não tenha votado no Prefeito desta Capital, mas tenha respeito por ele. Afinal,
vivemos em uma democracia e a Cidade assim o quis e em primeiro turno o elegeu
como Prefeito desta Capital, e nós temos que respeitá-lo. Da mesma forma, com
muitos milhões de votos a mais, foi eleito Presidente da República Fernando
Henrique, que, como figura máxima, como figura púbica de maior importância e
relevância deste País, deve ser tratado com o máximo respeito.
Gostaria, a pedido do meu
colega de bancada, Ver. Cláudio Sebenelo, que solicitou ao Ver. Renato
Guimarães que retirasse o termo realmente indigno com relação ao nosso
Presidente da República, e ele não o fez, de reforçar esse pedido, Ver. Renato
Guimarães. Quem sabe V. Exa. pense um pouco melhor e possa fazer uma
retificação no seu pronunciamento.
Outra situação que devemos
colocar aqui é que - felizmente para nós, infelizmente para eles - o discurso
petista, realmente, ou o discurso mais de esquerda, não só petista, já está
vazio. Perderam o discurso. Tanto é que hoje, aqui, ouvimos a oposição bater em
cima do Governador Antônio Britto no sentido de que ele estava se licenciando
para concorrer. Aqui se paga por se licenciar para concorrer, e se paga, da
mesma forma, por não ter se licenciado para concorrer, como é o caso do nosso
Presidente da República. De qualquer forma se paga, de qualquer forma se faz
aquela oposição sistemática, radical, onde se vota sempre em bloco, onde o
discurso é simplesmente um “enlatado”. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ouvi atentamente o Ver. Carlos Garcia quando se
referia ao Projeto de Bolsas Olímpicas.
O Ver. Carlos Garcia é um
Vereador que tem origem no desporto e tem uma preocupação constante, nesta
Casa, pelas questões do esporte. Este Vereador também tem uma relação com o
esporte. No momento, Ver. Carlos Garcia, em que foi criado esse projeto de
bolsas, fiquei extremamente estimulado, porque entendia que o Governo do
Estado, através desse projeto, poderia viabilizar grande parte do
desenvolvimento do esporte, mas, principalmente, a manutenção desses atletas.
Ouvi atentamente V. Exa. quando, legitimamente, demonstrava sua preocupação
pelo não-repasse dessas parcelas e das bolsas aos atletas, porque essa
categoria tem prejuízo e não consegue desenvolver essa atividade olímpica sem os
recursos, ainda mais com recursos prometidos. E mais preocupado fiquei, Ver.
Carlos Garcia, agora, recebendo correspondência do Sr. José Haroldo Gomes, o
Arataca, Diretor do DESP, que diz: “...Quanto às parcelas das bolsas para os
atletas, realmente estão em atraso, mas esclarecemos que é devido ao processo
de reavaliação, em conjunto com as federações envolvidas no projeto”.
Existe o projeto, existe o
dinheiro e não é repassado aos atletas porque as federações, em conjunto com a
diretoria do Desporto, estão tendo dificuldade de fazer a avaliação. Os atletas
ficaram sem receber seis parcelas porque as federações, que deveriam ser as
mais interessadas, não viabilizaram esse projeto, fazendo com que essa verba
fosse repassada aos atletas para que eles pudessem se preparar e representar o
Estado do Rio Grande do Sul. Então, as federações, Ver. Carlos Garcia, em
conjunto com a Secretaria de Educação, através do DESP, estão tendo a
dificuldade, a incompetência de fazer essa avaliação para que seja possível viabilizar
o repasse aos atletas.
Vossa Excelência, um homem
preocupado com o esporte, está coberto de razão, e este Vereador também tem
essa preocupação, mas fico extremamente entristecido quando, através de um
documento oficial do Diretor do DESP, se diz que existe a verba e essa não é
repassada aos atletas porque estão fazendo as reavaliações em conjunto com as
federações.
É extremamente lamentável,
triste que nós constatemos que cada vez mais o desporto no Estado do Rio Grande
do Sul tenha dificuldade na sua manutenção. Em outros momentos, em outras
épocas, sempre constatamos que a falta de verba era o principal motivo para que
não houvesse o incentivo. Agora que existe a verba, não existe a competência,
não existe a agilidade administrativa para que nós possamos fazer o repasse,
para que nós possamos viabilizar os atletas.
Então, o Sr. José Haroldo
Loureiro Gomes, o Sr. Arataca, pede ao Ver. Carlos Garcia mais sete dias para
que possa dar a definição desse assunto. Eu faria um apelo público ao Sr.
Arataca: sete dias me parece muito, porque isso aqui é incompetência de alguém,
ou da direção de esportes ou das federações. Nenhuma das duas entidades pode
fazer com que o processo seja moroso e os atletas fiquem sem os repasses, sem
as verbas para que eles possam desenvolver as suas atividades. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Havendo
quórum, passamos à
O
SR. NEREU D’ÁVILA (Requerimento):
Sr. Presidente, para auxiliar o bom andamento dos trabalhos, requeiro que seja
votado, em primeiro lugar, o Projeto de Decreto Legislativo nº 011/98; em
segundo lugar, o Veto Parcial ao PLE nº 019/98; em terceiro lugar, o PLL nº
060/97; em quarto lugar, o PLL nº 144/97; e, em quinto, o PLL nº 011/98.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila, que solicita alteração da ordem
de votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
PROC.
2565/98 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 011/98, de autoria da Comissão de Constituição e
Justiça, que autoriza o Prefeito Municipal a se ausentar do País de 02 a 04 de
setembro de 1998.
- da CCJ.
Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PDL nº 011/98.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quando da fatídica viagem do Exmo. Sr. Prefeito
Municipal, Dr. Raul Jorge Anglada Pont, a Saint-Denis, eu dizia, desta tribuna,
que era um desrespeito ao Legislativo ser encaminhado a nós um simples ofício
dele, Prefeito, dizendo que queria viajar para o exterior. O processo sempre
deveria ser instruído.
Naquela fatídica viagem para
Saint-Denis, ele falou mal do Legislativo Municipal, ele falou mal dos Vereadores
de Porto Alegre, ele falou mal da Cidade de Porto Alegre, ele pretendeu
aprender sobre o “trainway”, que é bonde mesmo, e veio impingir aos
porto-alegrenses a idéia de que se poderiam instalar bondes nos corredores da
Independência, da Protásio Alves, da Cristóvão Colombo, alimentando os sonhos
dos saudosistas. Ele, porque nós tínhamos aqui, ainda, o “Embaixador”,
encaminhou, por fax, o convite para a Prefeitura de Caracas, onde ele foi como
conferencista pago - mil dólares para fazer uma conferência -, onde lhe pagaram
todas as despesas, inclusive estada. Disse, naquele dia, que não votaria nenhum
outro Projeto de Resolução autorizando a viagem do Prefeito de Porto Alegre
para o exterior sem que ele documentasse as razões da viagem, o ofício que promoveu
a idéia da viagem. E ele parece que não tem nenhum apreço ao Legislativo.
Mandou um ofício com dez linhas e meia, onde, ao final, ele diz que “as
despesas decorrentes serão custeadas pelo Município, assumindo o Executivo,
neste período, o Sr. José Fortunati, Vice-Prefeito. Atenciosas saudações, Raul
Pont”. Mas ele não diz por que ele vai, quais as razões desse Encontro das
Mercocidades, se ele tinha que ir mesmo.
Então, depois daquela
manifestação inteligente do Prefeito, “muito inteligente”, dizendo que o
Legislativo porto-alegrense, depois de sua entrevista ao Le Monde, deve repensar suas posições, acho que é chegada a hora de
repensar: estamos mais uma vez sendo desrespeitados, depois de alertá-lo. Ele
não mandou nada. Acho que temos que rejeitar a solicitação de S. Exa. o Sr.
Prefeito Municipal de Porto Alegre.
O
Sr. João Carlos Nedel: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre Vereador, V. Exa
poderia esclarecer se no PDL consta para onde vai o Sr. Prefeito?
O
SR. JOÃO DIB: O Projeto
de Decreto Legislativo diz que é uma reunião de cúpula das Mercocidades, que
representam o conjunto das principais cidades latino-americanas. Só não diz
onde é; creio que seja Montevidéu. Mas, de qualquer forma, não é esse o
problema. Depois de tudo o que o Prefeito tem dito em relação a esse
Legislativo, depois de descumprir o que foi solicitado?! Da outra vez ele foi
torcer contra o Brasil lá em Saint-Denis. Pelo menos disse que, se o Brasil
ganhasse o campeonato mundial, ficava fácil para o Fernando Henrique Cardoso, o
que leva a crer que ele estava torcendo contra o Brasil, que foi vice-campeão.
Mas eu não estou preocupado
com o que ele disse. Apenas eu pedi, com o direito que tenho como Vereador, que
o processo seja instruído, e o processo não tem instrução alguma. Então, esta
Câmara deve dizer ao Sr. Prefeito que repensou a sua atitude e vai rejeitar a
sua solicitação de autorização para viajar. Saúde e paz.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PDL nº 011/98.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mais uma vez a agência de turismo que se
localiza no Paço Municipal está sendo movimentada com bilhete de viagem de mais
uma viagem do nosso turista principal e do nosso alcaide viajante.
Nessa viagem, graças a Deus,
não está em jogo a hegemonia do Brasil nos campos de futebol. Nessa viagem
apenas se tratará dos assuntos das Mercocidades. E não tenham dúvidas de que a
nossa Cidade estará representada pelo Sr. Prefeito Municipal, queiramos nós ou
não, apesar de eu achar que nós devamos, se gostamos da nossa Cidade, aprovar a
viagem do Sr. Prefeito. Talvez lá, tratando dos assuntos da nossa Cidade,
representando a nossa Cidade, não dê entrevistas infelizes, grosseiras e
agressivas para com este Poder Legislativo, que só tem aprovado as suas
mensagens, que só tem trabalhado diuturnamente e tem sido agredido, não só este
Poder Legislativo. Este veneno antilegislativo emana de cada entrevista do Sr.
Prefeito. Chama também o Senado de trambolho, como se lá também não se
trabalhasse e como se não fosse um importante guardião da democracia
brasileira, esta flor nascente que há pouco o Brasil conseguiu e está com suas
portas abertas para que o regime das maiorias, a livre imprensa, os parlamentos
brasileiros estejam permanentemente abertos e sejam verdadeiros representantes
dessa democracia.
Pois eu lembro perfeitamente
- sou um político da nova geração desta Câmara, que se elegeu há um ano e oito
meses - que, no primeiro dia de posse desta Câmara, saímos todos, os
Secretários, o Prefeito, os Vereadores, para a festa de posse do Sr. Prefeito,
no Palácio da Praça Montevidéu. Lá chegando, não havia sido convidado o
Presidente da Casa. Evidentemente, foi um erro do protocolo e uma atitude
inconsciente, mas muito pior por ser inconsciente, por ser nas entrelinhas essa
amostra do quanto se considera o Legislativo, pois nas relações
Prefeitura/Legislativo, numa das tantas viagens do Sr. Prefeito, o Ver. Luiz
Braz teve que assumir e, em lá chegando, não foi possível assumir, dada a
agressividade dos componentes do gabinete do Sr. Prefeito em relação ao Poder
Legislativo.
Fica muito claro que há algo
que paira no ar, algo inconsciente, algo nas entrelinhas, mas, também, algo
declarado na imprensa internacional do apreço, da consideração e do respeito
que esta Casa não goza junto ao gabinete do Prefeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PDL nº 011/98.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a Vera. Maria do Rosário tem a impressão de que eu
irei atacar o Prefeito, mas ela se engana - eu tenho formação da caserna.
Este Decreto Legislativo,
que recebeu do Ver. Juarez Pinheiro a aprovação na Comissão de Justiça desta
Casa, merece todo o respeito e consideração. É uma reunião de cúpula das
Mercocidades e que visa a colocar o nosso Prefeito em condições de debater e de
acordo com o que pretende todo o encaminhamento do expediente, ou seja, que ele
possa discutir as conveniências que têm as principais cidades latino-americanas
a fim de trocar experiências, em função do Mercosul.
Eu só peço e recomendo ao
Sr. Prefeito que não perca as estribeiras. Não faça mais alusões à Câmara
Municipal como o fez em Saint-Denis, porque isso não cabe. Este elenco de
Vereadores que possuímos são Vereadores que trabalham indomitamente por esta
Cidade. São trinta e três Vereadores. Eu sempre acho que Porto Alegre deveria
ter quarenta e cinco Vereadores, porque não é possível nós desempenharmos as
funções que desempenhamos, e quem está dizendo isso é um homem da caserna, um
homem que sabe como se deve desvencilhar-se das horas que são dedicadas ao
trabalho. Os Vereadores daqui não têm horas a medir, atendendo em Comissões
Permanentes, variáveis, expediente, Plenário e a todos os que os procuram. Não
é normal que o Prefeito teça comentários contra este elenco de Vereadores,
mormente comparando com o Orçamento Participativo, que é uma coisa do
Executivo, não é nosso, não pode ser comparado com o Legislativo. É a forma de
governar do Executivo. Faça o que bem quiser, governe como bem entender, é do
Executivo. É preciso ficar bem claro isso. Os Vereadores não devem se preocupar
com o Orçamento Participativo. Não é nosso, é deles, é do Executivo.
Eu darei esta licença com o
meu voto porque acho que o Prefeito é um comandante, e quando um comandante
solicita permissão para desempenhar uma missão, com uma função, nós devemos
conceder. Isso é normal. Não podemos fazer com que esta Câmara se envolva em
questiúnculas medíocres. Apenas recomendamos ao Sr. Prefeito: não teça
comentários, em suas visitas ao exterior e mesmo ao interior do Brasil,
desmerecendo a Câmara, porque os Vereadores não merecem isso. Estou aqui, outra
vez, achando que os companheiros devem conceder permissão ao Prefeito para
viajar. Ele precisa cumprir as suas tarefas, a sua missão de Prefeito, que é no
Brasil e fora do Brasil. Apenas recomendo: não faça mais comentários, Sr.
Prefeito, desmerecendo a sua Câmara. Esse procedimento não cabe. Isso não deve
se repetir. Nós daremos o nosso voto, e recomendo aos meus companheiros que
façam o mesmo. Não confundam as coisas. O Prefeito errou? Errou. Nós
criticamos? Criticamos, mas agora vamos firmar ponto de que ele não terá
permissão? Isso fica feio para nós. Não nos cabe fazer isso. Nós somos o Poder
Legislativo e estamos muito acima de questiúnculas que nos desmerecem. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. 1º SECRETÁRIO: Apregoamos
a Emenda nº 01 ao Processo 2565/98, PDL nº 011/98. (Lê.) “Inclua-se no art. 1º
do Projeto a expressão: ‘em Montevidéo, Uruguai’, após a palavra Mercosul, no
final do texto”. Essa Emenda é subscrita por mim, com a anuência da Líder da
Bancada do PT, Vera. Maria do Rosário.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PDL nº 011/98.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, talvez inspirado em nosso homenageado de hoje - o
nosso Adaucto Vasconcellos - eu tenha conseguido, embora já houvesse iniciado o
desenho de algumas coisas, dizer que gostaria de falar após o pronunciamento do
Ver. Cláudio Sebenelo, que é uma pessoa do meu círculo de amizades, mas que
aqui tem feito alguns pronunciamentos dos quais discordo “in totum”, aliás, da
maioria deles.
Escutando a inteligência, a
sabedoria, a maturidade do Ver. Pedro Américo Leal, que muito nos honra,
especialmente no dia de hoje quando iniciamos a comemoração dos 225 anos da
Câmara de Vereadores, e inspirado, portanto, no Sr. Adaucto Vasconcellos, eu
dei uma meia-volta e quero fazer dois comentários: em primeiro lugar, chamo a
atenção da nossa responsabilidade como parlamentares da Câmara de Vereadores de
Porto Alegre, e o Ver. Pedro Américo Leal conseguiu, sem usar hoje a sua capacidade
de oratória que todos conhecemos, mas usando a sua inteligência, chamar a
atenção para as nossas responsabilidades, dizendo: “Não confundam as coisas,
Srs. Vereadores, nós temos responsabilidades muito grandes”. Foi esse o recado
do Ver. Pedro Américo Leal, que não é nenhuma novidade. Tem sabido, nessas
horas de debates intensos, de debates agudos, não confundir as coisas. Temos
nossas opiniões diversas relativamente ao Orçamento Participativo e aos fóruns
e os momentos adequados para fazermos essa discussão. O que estamos tratando
aqui é de uma viagem do Prefeito ao encontro das Mercocidades.
Sabemos que a globalização,
com base na terceira revolução tecnológica, com base na aproximação das bolsas
de valores, com base na formação de blocos econômicos, tem trazido uma série de
prejuízos aos países mais pobres. Essa aparência de que os blocos econômicos
significam a união de países para enfrentar os mais fortes é absolutamente
errônea. Na verdade, os blocos econômicos têm-se mostrado, na prática, como estruturas
desse processo de recolonização dos países mais pobres, de abertura de suas
fronteiras e de retirada de direitos dos trabalhadores. E nós, por incrível que
pareça, Srs. Vereadores e Ver. Pedro Américo Leal, a quem homenageio neste
momento, no Tratado de Assunção, assinado em 1990, em momento algum se tratou
de falar em justiça social, em momento algum se pensou em cláusulas sociais. Só
se pensou em vantagens econômicas, vantagens que não ficam com os países, que
não ficam com os povos, que ficam com os grandes monopólios privados.
Esse movimento das
Mercocidades, esse encontro a que agora o Prefeito deve comparecer significa
isso: a união dos municípios, que são aqueles que mais sofrem as conseqüências
desse tipo de política econômica no sentido de inserir na discussão do Mercosul
cláusulas sociais que protejam nossos produtores rurais e a nossa agricultura.
Estamos vendo nossos produtores de leite tendo que vender a 17 centavos o litro
de leite! Isso é um absurdo! Estamos sendo prejudicados. Os municípios estão
sendo prejudicados em detrimento dos grandes monopólios.
Como que uma Câmara de
Vereadores, da responsabilidade da de Porto Alegre, que tem a obrigação de
fazer a defesa dos seus munícipes, vai impedir que o Prefeito, que vai
participar de um encontro desse jaez, dessa categoria, venha a impedi-lo de
fazer a discussão?
Tenho absoluta tranqüilidade
e certeza de que essa Câmara, quando inicia a comemoração dos seus 225 anos,
vai honrar mais uma vez suas tradições, não vai se confundir e vai mostrar que
tem maturidade e não se deixa levar pela emocionalidade, e sim pela razão e
pelos interesses maiores do povo de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrada
a discussão. Em votação o PDL nº 011/98. O Ver. Nereu D’Ávila está com a
palavra para encaminhar.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Srs. Assistentes, minhas
Senhoras, meus Senhores, por longa tradição esta Casa, em princípio, não nega
as viagens solicitadas pelo Sr. Prefeito Municipal, se bem que há sempre uma
primeira vez para todas as questões.
Vamos falar com bastante
clareza. Nós, do Poder Legislativo, ou, pelo menos, alguns, porque eu não tenho
o poder e nem a outorga de falar pela maioria, estamos bastante magoados com as
declarações do Sr. Prefeito a um jornal francês, reproduzindo declarações que,
segundo ele, teriam sido feitas por membros do Orçamento Participativo, dizendo
que os Vereadores, que não trabalham, ganham um salário alto e eles, do
Orçamento, que trabalham, não são remunerados.
É evidente, e eu já
observei, que eles, do Orçamento, podem fazer este tipo de considerações,
porque são cidadãos livres. Agora, o Prefeito, como responsável e sendo uma
liderança de uma cidade da importância de Porto Alegre, reproduzindo, num
jornal de âmbito europeu, não somou para o fortalecimento da instituição Câmara
Municipal. Então, realmente, S. Exa. não foi feliz, exerceu uma “capitis
diminutio” em relação a nós, porque nós não precisamos jogar confete em nós mesmos.
A população está, hoje, aqui; têm professores, têm professoras, têm cidadãos,
têm cidadãs de todos os matizes acompanhando os trabalhos desta Câmara. Amanhã,
vai haver a reunião das Comissões. O povo, na maioria das vezes, está nas
Comissões discutindo, ou em audiências públicas, os assuntos de seu interesse.
Se não trabalhássemos, o povo saberia. O povo está aqui. Estamos a trinta e
quatro dias das eleições, temos vinte candidatos nesta Casa e nunca houve falta
de quórum, nem nas outras eleições. Não me interessa o que ocorre na
Assembléia, mas falo pela Casa porque sou Vereador e tenho responsabilidades
bem como os meus pares.
Então, “in vindicta”,
poder-se-ia negar esta viagem, mas, em nome do PDT, declaro que vamos manter a
tradicional cultura que vem se firmando de deixar que S. Exa. faça a viagem e
que traga algum proveito para a nossa Cidade e que represente Porto Alegre com
galhardia e dignidade, porque representamos esta Cidade com galhardia e
dignidade.
Pedimos a S. Exa. que seja
mais comedido em relação a este Poder, que não merece as pedras que recebeu do
Sr. Prefeito, e que S. Exa. reconheça que, se negamos alguns projetos, é porque
isso faz parte do processo democrático, que é contraditório e que fortalece a
democracia. Se não houvesse o contraditório, seria a unanimidade. A
unanimidade, no mínimo, é burra, como dizia Nelson Rodrigues.
Nós, do PDT, votaremos
favorável à viagem do Sr. Prefeito para manter esta tradição e não exerceremos
uma represália por S. Exa. ter falado demais ou por ter, com suas declarações,
enfraquecido o Poder Legislativo. Então, pedimos ao Sr. Prefeito para que trate
dos problemas da Cidade, pois para isso foi eleito, e de muitos outros
problemas que devemos tratar de âmbito público, pois homens públicos somos. Agora,
que não cometa mais esta tremenda injustiça para com a Câmara Municipal de
Porto Alegre. E não é por eu estar aqui, pois antes de ser Vereador já admirava
a Câmara e todas as outras legislaturas também trabalhavam. Sempre digo isso e
não tenho medo de errar.
Repetindo: a população de
Porto Alegre não tem por que se envergonhar da sua Câmara Municipal, da sua
representatividade, independentemente de partidos políticos. A população de
Porto Alegre não tem motivos para se envergonhar da sua Câmara porque esta não
cometeu nenhum deslize que envergonhasse os seus representados, a sua
população. Esta não é uma opinião pessoal. É uma opinião avaliada por mais de
vinte anos de observação da Câmara e de dezesseis anos de participação nesta
Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. João Dib para encaminhar o PDL nº 011/98.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quando discuti - fui o primeiro Vereador a
discutir o pedido de autorização do Prefeito para viajar -, imaginava que,
colocando aqui que não havia documento nenhum que nos orientasse sobre a
necessidade de o Prefeito de Porto Alegre viajar para representar a Capital,
imaginei que a Liderança do PT, que as assessorias do PT trariam a esta Casa,
por fax, o programa da tal de festa para a qual o Prefeito vai.
Quando da votação do Proc.
nº 1800/98, em que o Prefeito pedia autorização para ir para Saint-Denis,
França, do dia 9 de junho, retornando no dia 17 de junho, eu dizia claramente
que o expediente deve ser respeitoso, deve ser completo, deve dizer qual é o
programa, qual é a finalidade, e o Prefeito continua não dizendo. Então, eu não
preciso repensar, e eu já dizia que não vou repensar nada. Vou continuar sendo
o Vereador que sempre fui, respeitando o Legislativo.
Quero o programa da festa
para a qual o Prefeito se dirige, principalmente porque tenho em mãos um
levantamento que mostra que no primeiro semestre, com cento e oitenta e um
dias, o Prefeito viajou trinta e quatro. Vale dizer que viajou um dia, ficou
quatro dias e meio em Porto Alegre e viajou outro dia. Essa é a média. Trinta e
quatro dias em cento e oitenta e um o Prefeito esteve fora de Porto Alegre.
Deve-se esclarecer que, se ele viajou para o interior do Estado, nós não
tomamos conhecimento. Só estou falando das viagens que foram autorizadas na
Câmara. Trinta e quatro dias em cento e oitenta e um! É muita viagem para um
Prefeito! E várias vezes viajaram Prefeito e Vice-Prefeito!
Acredito que a Prefeitura de
Porto Alegre realmente tem muitos recursos, tem um orçamento extraordinário,
mas não tanto que possa dispensar as extraordinárias figuras do Prefeito e do
Vice-Prefeito, que foram votadas pelo povo. E são as declarações do Prefeito de
Porto Alegre que dizem que este Legislativo não trabalha. Nós nos reunimos em
todas as vezes que somos convocados, além daquelas que estão previstas no
Regimento. Não faltou quórum nenhuma vez! Tivemos reuniões extraordinárias para
atender anseios do Executivo; não faltamos nenhuma vez! O homem viajou trinta e
quatro dias em cento e oitenta e um. Estamos falando só do primeiro semestre;
já são dois meses do segundo semestre e eu ainda não fiz o levantamento, mas do
primeiro está aqui: trinta e quatro em cento e oitenta e um. É muita viagem
para um Prefeito só! E como ele não mandou o programa do evento para o qual ele
pretende se dirigir, o meu voto ele não leva. Ou então eu preciso me reciclar,
conforme disse ele.
Eu faço as coisas com
seriedade, com responsabilidade, devo passar a brincalhão. Porque, se eu pedi,
desta tribuna, e fui atendido na outra vez, que mandasse o programa para o qual
ele estava sendo convidado - e aí eu fiquei sabendo que ele era conferencista
pago, em Caracas, com passagem, estadia paga e prolongou a viagenzinha até
Saint-Denis -, eu hoje também acho que tenho o direito de ler esse documento,
mas tenho o dever de exigir esse documento. Sem esse documento, Prefeito, por
mais que eu queira, não tenho como votar favoravelmente. Até porque, se o homem
sai daqui, faz declarações contra o Legislativo, de forma internacional, não
merece a minha confiança! Na outra vez ele não queria contar, pelo menos, que
viajava como conferencista pago. Hoje, eu não sei qual é a viagem que ele vai
fazer.
Portanto, eu, João Dib, voto
contrariamente. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Anamaria Negroni está com a palavra para encaminhar pelo PSDB o PDL nº 011/98.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Sras. e Srs. Professores que
estão aqui aguardando para resolvermos essa situação e votarmos o projeto de
seu maior interesse, mas temos que falar ainda a respeito dessa viagem, desse
PDL.
Eu concordo, em parte, com o
Ver. João Dib. Acredito que este Projeto deveria vir munido de mais detalhes
para que pudéssemos avaliá-lo melhor. Concordo também com o que ele coloca aqui
em relação ao Prefeito Municipal que, a cada cinco dias, viaja um dia - estaria
quatro dias e meio em Porto Alegre.
Na realidade, o que temos a
dizer é o seguinte: se essas viagens são proveitosas, nós devemos, sim, apoiar
nosso Prefeito Municipal, o Vice-Prefeito, os Secretários, pessoas que saem da
nossa Cidade, que são convidadas a estarem em outros lugares representando a
nossa Capital. Acho que é um prestígio para Porto Alegre que o nosso Prefeito
seja convidado, que vá até lá, que participe, que transmita conhecimentos e
troque experiências com os outros Prefeitos. Com certeza, isso só trará
benefícios para a Cidade de Porto Alegre. Não acredito que o nosso Prefeito,
mesmo não sendo da minha Bancada, mesmo não tendo sido eleito por minha
vontade, saia desta Cidade apenas para fazer turismo. Se assim ele o fizer,
realmente será uma pessoa irresponsável e, algum dia, nós saberemos e
provaremos, porque estamos aqui para legislar e fiscalizar os atos do Sr.
Prefeito e dos Secretários.
Para isso, Sr. Prefeito
Municipal, eu gostaria de colocar que nesta Câmara há trinta e três Vereadores,
trabalhamos com o número mínimo de membros. A legislação, inclusive, poderia
nos conferir quarenta e cinco Vereadores, como bem disse o Ver. Pedro Américo
Leal.Trabalhamos de forma séria, mas, no entanto, em outro país, somos vexados,
pois saiu no jornal o valor que ganha um Vereador. Faço questão de dizer o
valor colocado: R$ 4.500,00. Esse é um valor bruto, porque nós, Vereadores,
chegamos a perceber por volta de R$ 3.500,00 líquidos - talvez nem chegue a
isso. Para quem tem um padrão de vida baixo, isso é muito dinheiro, mas para
uma pessoa como eu ou como outros Vereadores aqui, com um grau cultural
superior, que temos as nossas empresas, que deixamos os nossos negócios por
pura ideologia, virmos trabalhar aqui... Eu fiz uma relação, inclusive, de
quanto é que se gasta, quanto é que esta Vereadora gasta para manter seus compromissos
em dia e, se não fossem outros negócios que eu tenho fora daqui, eu não
conseguiria sobreviver com o salário desta Câmara Municipal.
Para terminar, eu gostaria
de dizer o seguinte: Srs. Vereadores, o nosso voto é o voto de confiança para
que o Prefeito viaje e represente muito bem Porto Alegre aonde vai, neste
momento, e nunca compare o Orçamento Participativo com esta Câmara Municipal.
Esta Câmara Municipal tem os seus membros eleitos pelo povo, e no Orçamento
Participativo apenas são alguns elementos, algumas pessoas que fazem parte do
Orçamento Participativo, que fazem parte de um partido, do PT, e não são
eleitos pelo povo. Então, de forma alguma, jamais, Sr. Prefeito, compare
novamente esta Câmara Municipal com o Orçamento Participativo. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar pelo PMDB o PDL nº 011/98.
O
SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, sou daqueles que acha que na Câmara de Vereadores
de Porto Alegre se trabalha. Sou daqueles que pensa que na Prefeitura, no
Executivo Municipal também se trabalha.
Quando o Sr. Prefeito vai a
Montevidéu e vai lá participar da reunião de cúpula das Mercocidades, sem
dúvida alguma diz, na justificativa de sua viagem, que essa troca de
experiências do Mercosul vai ser extremamente benéfica para Porto Alegre. Não
tenho a menor dúvida disso! Sou daqueles que pensa, apesar de tudo, que é
importante essa troca de experiência, que são importantes essas viagens do Sr. Prefeito,
dos representantes do Executivo Municipal, para que a nossa Cidade, aquela a
qual represento, saia com benefícios dessas experiências adquiridas nessas
reuniões no exterior.
As declarações recentes do
Sr. Prefeito ao jornal francês não vai fazer com que a Bancada do PMDB mude sua
posição. Temos uma responsabilidade com a Cidade, temos um compromisso com a
Cidade. Podemos até discordar - e discordamos frontalmente - da opinião do Sr.
Prefeito em relação à Câmara de Vereadores, ou da opinião dos membros do
Orçamento Participativo em relação à Câmara de Vereadores, mas, apesar do
receio, apesar do medo de que lá em Montevidéu o Sr. Prefeito fale novamente,
dizendo que algumas pessoas entendem em Porto Alegre que os Vereadores não
trabalham, mesmo correndo esse risco, vamos dar um voto de confiança ao Sr.
Prefeito, mesmo que confiança se dê àquelas pessoas que merecem confiança, e
talvez a minha grande dúvida é se eu tenho confiança em relação ao Sr.
Prefeito, porque ele falou, na última vez que foi à França, que foi a Paris,
mal desta Casa.
Apesar de tudo isso,
pensando no bem da Cidade, Ver. Carlos Garcia, pensando no que a Cidade de
Porto Alegre poderá ganhar com essas experiências adquiridas pelo Sr. Prefeito
na reunião das Mercocidades, votamos favoravelmente à viagem do Sr. Prefeito,
evidentemente com medo, com receio e com dúvidas se o Sr. Prefeito vai
novamente falar mal dos Vereadores de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Para
encaminhar pela Bancada do PT o PDL nº 011/98, tem a palavra a Vera. Maria do
Rosário.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, talvez desnecessário fosse o
encaminhamento, mas o fato é que, muitas vezes, se sobe a esta tribuna e
algumas questões não são apresentadas com a clareza necessária.
O processo foi instruído.
Temos aqui correspondência do Sr. Prefeito desta Cidade apresentando
solicitação para se ausentar de Porto Alegre no dia 2 de setembro para
participar de um evento em Montevidéu, no Uruguai, da reunião de cúpula das
Mercocidades, que é a reunião de representação de todas as cidades do Cone Sul
e da América Latina, que participam, enfim, de uma rede no sentido de debaterem
a situação local, o papel do poder local. Especialmente num período de economia
globalizada, num período em que tantas questões são trazidas e que uma política
econômica define os rumos do mundo inteiro, é fundamental que as cidades possam
se organizar em rede.
A sede dessa reunião anual,
em 1998, é em Montevidéu, e Córdoba é a cidade que secretaria os trabalhos.
Qual é a pauta dessa reunião, Ver. João Dib? A reunião trata da questão do meio
ambiente, do planejamento estratégico para os municípios, da cooperação
internacional e do desenvolvimento urbano. As cidades do Uruguai, Argentina,
Paraguai, Chile e Brasil estarão participando e estará presente, nesta reunião,
o Vice-Presidente do Comitê de Regiões da União Européia. Porto Alegre estará
presente, porque a Cidade de Porto Alegre, através do DMAE, Ver. Pedro Américo
Leal, está sendo distinguida com um prêmio na área de ciência e tecnologia, no
sentido da extensão de rede, da garantia da universalização do atendimento, em
rede, de água potável como uma das cidades da América Latina que tem alcançado
uma distinção, sem dúvida, ímpar, quando falamos no atendimento de água
potável, que significa saúde e qualidade de vida.
Srs. Vereadores, para nós,
Porto Alegre participar, e eu quero tomar das palavras da Vera. Anamaria
Negroni - permita-me referir -, é uma distinção importante de destaque,
independente dos partidos que nós representamos. Orgulhamo-nos de a nossa
Cidade estar num papel de destaque hoje, tentando articular as Mercocidades e
entendendo o que significa o Mercosul, entendendo o que significa esta rede, a
mundialização da economia e de todas as relações sociais, que, muitas vezes,
trazem desvantagens enormes para os nossos povos. E é preciso que analisemos de
coração aberto e de consciência aberta, buscando todas as implicações que esta
nova organização do mundo, dentro de um projeto e de um plano neoliberal, vem
impondo às cidades, cidades que em toda a América Latina e em todo o mundo
passam a ser desprovidas de recursos, enquanto assumem inúmeras
responsabilidades.
Qual o nosso papel no
desenvolvimento econômico? Qual o nosso papel na democracia e na democracia
direta, dos parlamentos locais também, do poder local?
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, que o Prefeito Raul Pont possa ir a Montevidéu, possa dizer das
nossas experiências, possa dizer da nossa alegria por convivermos com a
democracia, de construirmos uma cidade, e que todos nós o façamos juntos. Eu
destaco isso porque a Câmara Municipal de Porto Alegre entrou na semana do seu
aniversário. São 225 anos de idade, tempo longo de existência, maior que o
tempo de existência desta própria Cidade de Porto Alegre, porque esta Câmara
tem um tempo de existência maior do que o da própria Cidade. E tudo isso faz
parte da Cidade de Porto Alegre, da sua história, faz parte das nossas relações
de absoluta confiança entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo.
O Ver. Pedro Américo Leal
disse que é um homem de caserna. Nós não somos, todos nós, homens e mulheres de
caserna, mas nós somos pessoas que nos respeitamos e sabemos que o nosso papel
de legislar e fiscalizar é superior a tudo e que nós estaremos vendo os
resultados dessa viagem no nosso trabalho e nos benefícios que Porto Alegre
terá. Portanto, Srs. Vereadores, solicito que votemos favoravelmente e possamos
nos orgulhar da Cidade de Porto Alegre pelo que fazemos por ela, pelo nosso
trabalho e de toda a nossa cidadania. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, eu já havia declarado da tribuna que votaria contrariamente à
solicitação de S. Exa. o Sr. Prefeito, e as alegações que eu fazia eram por
falta de documentação no processo. Pergunto a V. Exa.: foi aditado algum
documento ao processo ou ele é o mesmo - já que a nobre Líder do PT fez uma
série de esclarecimentos sobre a viagem do Prefeito que eu não tenho?
O
SR. PRESIDENTE: Devo-lhe
informar que o processo é o mesmo.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, nós pretendíamos, em nome da Liderança do PFL, encaminharmos essa
matéria. A circunstância determinaria um pronunciamento nosso. Nós, que
sistematicamente votamos a favor da licença do Sr. Prefeito para viajar nas
inúmeras e dezenas viagens que ele realizou, não vamos encaminhar, Sr.
Presidente, porque sentimos que temos uma matéria importantíssima para votar no
dia de hoje e precisamos contribuir para que se decida logo esse problema, se
vote a favor ou contra e se permita que ingressemos na Ordem do Dia com o
encaminhamento dessa matéria que está aí aguardando a decisão. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: Eu sei
que V. Exas. estão ansiosos pela votação do projeto que lhes interessa, mas eu
peço que, por favor, não se manifestem, porque daqui a pouco alguém pode falar
contrário aos interesses de V. Exas. e poderá haver vaias.
Então, eu peço que não haja
vaias nem aplausos.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente, na verdade, eu não tenho a pretensão de responder à Questão de
Ordem do Ver. João Dib, mas eu preciso dizer que procurei dar todas as
respostas possíveis no meu pronunciamento. Se o Ver. João Dib ficar satisfeito
com as respostas, elas estão à disposição, inclusive, com as notas
taquigráficas das quais dou fé pela minha palavra e pelas informações que
busquei junto ao Executivo.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Projeto de Decreto Legislativo nº 011/98. Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO contra os votos dos Vereadores João Dib, Cláudio Sebenelo e
Reginaldo Pujol.
Em votação a Emenda ao
Projeto de Decreto Legislativo nº 011/98. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA
contra os votos do Ver. João Dib e do Ver. Reginaldo Pujol.
PROC.
2036/98 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/98, que altera dispositivos e inclui
parágrafo único aos artigos 3º e 6º da Lei nº 7690, de 31 de outubro de 1995,
que institui gratificação de incentivo técnico aos funcionários detentores de
cargo para cujo provimento seja exigida formação universitária ou habilitação
legal equivalente na Administração Centralizada e Autárquica do Município e dá
outras providências.
-
da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela manutenção do Veto
Parcial.
Observações:
-
para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - art.
77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do art. 174,
II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão o Projeto de Lei do Executivo nº 019/98 - Veto Parcial. O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em 1995, quando aprovamos a gratificação para
os servidores públicos municipais, os professores foram excluídos porque
entendia o Governo Municipal que os professores municipais não produzem e, como
a gratificação é por produtividade, não deveriam recebê-la, apenas os
funcionários que tivessem curso superior.
Na época, fiz uma emenda ao
Projeto do Executivo, que acabou sendo rejeitada, porque não teve o apoio do
SIMPA, que tinha uma diretoria ligada ao Executivo Municipal, ao partido do
Governo, e que não fez nenhum trabalho no sentido de mostrar aos professores o
que eles estavam perdendo. Então, os professores não ficaram sabendo que nós
tínhamos feito, já em 95, essa emenda que proporcionaria, desde aquela época,
aos professores estarem recebendo tal vantagem. Por sorte, o SIMPA fez nova
eleição e tem nova diretoria, que se preocupa em atender aos interesses da
classe, independentemente de coloração partidária, o que é fundamental.
Nesta legislatura, tivemos a
oportunidade de apresentar, novamente, a emenda quando do projeto que estendia
a gratificação de produtividade aos médicos do Pronto Socorro - pessoal de
nível superior - e incluímos os professores. A emenda teve uma subemenda do
Ver. Garcia, e nós a tivemos aprovada numa tarde memorável na Câmara, por vinte
votos a três.
Lamentavelmente, o Prefeito
Municipal vetou a matéria. Aliás, tem sido uma postura do Executivo vetar e ir
à Justiça contra todas as matérias que tratam de aumento para os servidores
municipais. Isso é lamentável! Não se pode ter um discurso e uma prática. Acho
que temos que lutar, cada vez mais, para que os professores sejam valorizados,
muito bem valorizados. O que aprendi a discursar em 1984, quando organizei o
movimento do Círculo de Pais e Mestres e quando fundamos a ACPM- Federação, foi
de que precisamos de professores muito bem valorizados. Se dá um discurso aqui,
em Porto Alegre, dizendo que os professores do Município ganham bem e que não
precisam ganhar mais, têm o seu plano de carreira e por isso não precisam
ganhar mais. Isso, de forma alguma. Os professores municipais ganham um pouco
mais, mas não ganham muito mais, e não estão supersatisfeitos com seus
salários, até porque merecem muito mais, merecem ter salários nos mais altos
níveis. Isso é um princípio de vida para mim.
Desde que estive nas ruas
lutando com o CPERS, SIMPA, SINPRO, com todas as categorias de sindicato de
professores, sempre foi pela grande valorização do professor, porque, sem
professores valorizados, que escola teremos, que futuro para a educação? Então,
é fundamental que tenhamos o professor valorizado. Isto significa salários a
altura, significa remuneração a altura, e hoje, principalmente, saber - a
questão fundamental é esta - se professor produz ou não produz. Entendo que
professor produz, tem que merecer gratificação de produtividade. Seria um
absurdo entendermos que advogados, engenheiros, arquitetos produzem e
professores não produzem. Ora, é um contra-senso total. Por isso apresentei a
emenda em 95, apresentei de novo agora. Por isso lamentei o Prefeito vetar.
Espero que a bancada
governista na Casa não vote contra, como fez a outra vez, e que apóie os
professores, assuma seus compromissos de discurso, porque discursar é fácil,
praticar é outra história.
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro):
Seu tempo está esgotado. O Ver. Paulo Brum inscreve-se e cede seu tempo a V.
Exa., que tem mais cinco minutos.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Então,
vejam Srs. Vereadores, professores que estão presentes, que temos que ter por
consciência um princípio fundamental, que é justamente, em todos os momentos,
seja qual for o grupo político que estiver no poder, seja em nível municipal,
estadual, federal, buscar, de qualquer forma, a valorização do professor. Não
pode ficar só na retórica, não pode ficar só no discurso. E tem que ter direito
o professor na ativa, o professor inativo. Todos têm que ter direito. Hoje
mesmo vi que o SIMPA conseguiu mais uma vitória nos 27%, que o Tribunal deu
mais uma vez ganho de causa aos municipários. É mais uma vitória. Têm tantas
outras que virão! E eu não consegui compreender o porquê da postura do
Executivo Municipal de não querer premiar seus funcionários de forma realmente
compensadora. Nós precisamos, de uma vez por todas, ter consciência de que um
funcionário municipal bem-valorizado financeiramente é um funcionário municipal
que produz muito mais, que dá muito mais retorno à sociedade, muito mais
contribuição, de fato, ao crescimento da sociedade. Um professor tem que estar
nos níveis mais avançados.
Lembro, há alguns anos,
quando discutíamos no CPERS-Sindicato e recebíamos lideranças sindicais da
França, da Espanha, da Inglaterra, de diversos países europeus, que se faziam
comparações salariais. E o pessoal dizia: “Nós temos que lutar para que os
professores cada vez ganhem mais. Professores têm que ser os primeiros
salários. Os professores têm que ser os “Herr” professores”, como diziam na
Alemanha - não é Ver. Dib? -, onde o professor era o primeiro a ser valorizado.
Não era o Ver. João Dib, o engenheiro, mas era o professor que o acompanhava.
Lembro-me de uma história que ele contava. Por quê? Porque o professor, lá,
está no ápice das carreiras, e aqui não. Aqui, quando se dá um pouquinho mais para
os professores, fica-se dizendo para todo o mundo: “Olhem, os nossos
professores estão muito bem, não precisam de mais nada”. O que é isso? É
incoerência, é falta de discurso e prática. Então, cobra-se em nível federal,
estadual, tem que se cobrar em nível municipal. A hierarquia de princípios tem
que ser a mesma, e de valores também. Se eu defendo o professor em nível
municipal, temos que defender em todos os níveis. Eu não posso dizer que aqui
eu não vou defender, mas no Governo do Estado eu defendo porque são outros
interesses. Temos que defender sempre, senão não teremos o crescimento que
tanto precisamos.
E há outras questões que têm
que ser discutidas em nível municipal. Esse estudo por ciclos. Está todo mundo
perdido aí. É mais um estudo, na verdade, demagógico. Quero colocar aqui para
vocês, perante os professores: isso é para dar estatística, para apresentar
números depois de se dizer: “Olhem, passaram tantos, não rodaram tantos”. Isso
é muito lindo, mas isso repudia tudo aquilo que nós construímos em mais de dez
anos de luta dos professores. E eu lamentei que a Deputada Esther Grossi
tivesse incluído na LDB esta matéria de última hora, fazendo um acerto com o
Governo, e ali encaixar estudos por ciclos, o maior retrocesso para a educação
no Brasil. E vocês escrevam isso, me cobrem no futuro, porque agora nós
poderemos voltar a ter escolas de um ciclo, de dois ciclos, de três ciclos. É
um retrocesso geral. E aí vêm os entendidos de educação me dizer que sabem
discutir educação e sabem o que é educação! Educação não pode ser tratada
eleitoralmente, nem politicamente. Educação não pertence a partido político
nenhum. Educação é o bem maior do povo e a ele pertence. O magistério tem que
entender profundamente isto: a educação não é de nenhum partido; não é do meu,
não é de ninguém que está aqui. O dia que entendermos isso neste País nós
vamos, de fato, transformar a educação. Enquanto ficarmos como o vento, sendo
levados, de acordo com os interesses de um grupo ou de outro, não estaremos
construindo a educação que acreditamos.
Então, defendo, Srs.
Professores e Srs. Vereadores, que derrubemos o Veto do Sr. Prefeito. Apelo à
bancada do Governo que nos ajude a derrubar o Veto, que seja coerente no seu
discurso e na sua prática e que possamos colocar os professores onde eles devem
estar: no topo, e não nivelando por baixo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Carlos Garcia está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. CARLOS GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, caros professores, precisamente no dia 29 de junho
foi votado, nesta Casa, o texto que estendia a GIT aos funcionários do Hospital
de Pronto Socorro. O Ver. Jocelin Azambuja entrou com uma subemenda, que vou
ler, que foi exatamente o parágrafo único que o Sr. Prefeito vetou. Diz o
seguinte: “Terão direito à gratificação de incentivo técnico prevista no
‘caput’ os detentores de cargos M3, M4, M5 e EM, todos vinculados à Lei 6.151,
de 15 de julho de 1988, para cujo provimento é exigido curso de 3º grau”. Foi
feito isso porque, num sentido mais genérico, poderia contemplar outros
professores que, no momento, não têm 3º grau.
O Sr. Prefeito, ao expor as
razões do Veto, coloca primeiro que a Constituição Federal diz que são de
iniciativa privativa do Presidente da República e, portanto, dos demais chefes
do Poder Executivo e diz que a referida gratificação, incontestável, é que o
Legislativo está a legislar sobre os servidores públicos - portanto, diz que é
um vício de iniciativa. Mais adiante ele reforça dizendo que compete
privativamente ao Prefeito promover a iniciativa de projetos de lei que
disponham sobre a criação e aumento da remuneração de cargos, funções e
empregos públicos na Administração Direta e Autárquica. Logo, em decorrência da
emenda proposta, haverá aumento nas despesas do Executivo por deliberação do
Legislativo. Também diz que os professores, a quem o parágrafo único, ora
vetado, pretende estender a presente gratificação, estão em um plano à parte,
que têm um conjunto de outras vantagens, tais como incentivos próprios,
adicionais por difícil acesso, menor jornada de trabalho, entre outros.
Quero registrar que estou
Vereador, mas sou professor e ainda continuo trabalhando numa instituição de
ensino superior - sou diretor da Faculdade de Educação Física do IPA. Estou de
licença do Estado. E quando se fala em salários, nós sabemos que os professores
são mal-remunerados. Quando se diz que o Município paga bem, é porque paga
quase o dobro do que o Estado, mas sabemos que isto é a metade do que recebe no
particular. Então, nesses parâmetros, também não está bem. Quando o Ver.
Jocelin Azambuja disse que os professores deveriam estar no topo, acho que não,
acho que deveríamos estar “pari passu” com todos aqueles que têm curso
superior, porque nós fizemos curso superior, levamos tanto tempo como qualquer
outro. Foi uma opção. Eu sempre digo que, se eu tivesse que escolher de novo,
eu seria professor.
Diante disso, eu não vejo
como alguns disseram que é uma emenda demagógica. Não é. Acho que é um direito.
Está mais do que na hora de discutirmos isso. Acho que o professor tem o
direito de ganhar como qualquer outro profissional com curso superior, até
porque a nova Lei de Diretrizes e Bases, num curto espaço de tempo, está
fazendo com que todos os docentes tenham curso superior. Essa é uma discussão
presente. Mais do que nunca, nós temos que nivelar, e nós partimos do princípio
da isonomia, o direito assegurado a todos os funcionários que têm curso
superior. Mediante isso, conclamamos os pares para que derrubem o Veto do Sr.
Prefeito.
Quanto à questão do Plano de
Carreira, também não temos nenhuma dúvida. Talvez seja uma nova oportunidade de
os professores municipais discutirem um novo Plano de Carreira. Não sei se essa
é a melhor dinâmica ou não. Só sei que as questões devem ser discutidas e é um
direito de todos os profissionais com curso superior ganharem salários
idênticos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ilustres professores e professoras que aqui
comparecem nesta tarde memorável. A presença dos professores mostra a
importância e o interesse da comunidade porto-alegrense pela remuneração dos
professores e conseqüente melhora da qualidade de ensino de Porto Alegre. A
remuneração dos professores está diretamente ligada a isso. Nós sabemos que,
como manobra diversionista, a Bancada do PT vai dizer que reconhece, eles têm
toda a razão, mas que o Governo Federal trata mal os seus professores, que o
Estado trata mal pecuniariamente os seus professores. Sim, é verdade. Mas eu
gostaria de salientar é que o Veto do Sr. Prefeito é o seguinte: o Legislativo
está a legislar sobre servidores públicos, estando, pois, tal parágrafo eivado
do vício de iniciativa. Já o Prefeito tem a iniciativa do vício de viajar - é
ao contrário. Ainda por cima, e para nossa vergonha, somos obrigados a ler o
seguinte: “Os professores, a quem o parágrafo único ora vetado pretende
estender a presente gratificação, estão com um plano à parte, têm um conjunto
de outras vantagens, tais como incentivos próprios, adicionais por difícil
acesso, menor jornada de trabalho, entre outros”. Todos esses artifícios são
tentativas pequenas para corrigir essa injustiça que fazem contra os
professores. Os artifícios corrigem de uma forma mínima, insignificante, essa
gritante injustiça. E mais do que isso, Srs. Professores, é fundamental que,
quando um prefeito lance esse tipo de veto, no momento seguinte, a sua
iniciativa seguinte, sem pestanejar, seja uma mensagem ao Legislativo,
corrigindo essa distorção injusta que, cada vez mais, mostra que a
Administração Municipal não tem nenhum compromisso com a qualidade do ensino,
estando na contramão da história do ensino brasileiro. Nós sabemos disso. A
Bancada do PT sabe, tem consciência disso. Inclusive, isso já foi escrito,
publicado em jornal, dito publicamente. A Profa. Esther Grossi escreveu um
artigo no jornal Zero Hora, dizendo o
seguinte: “Fora das mercoescolas, no dia de hoje, com os problemas de
desemprego...”
(Apartes paralelos.)
Eu quero, Srs. Professores,
que leiam, se tiverem acesso, o editorial da Folha de São Paulo, órgão
de oposição ao Governo Federal, de sexta-feira passada, sobre a forma petista
de receber esse tipo de acusação, porque sabemos que é incompreensível que uma
cidade como Porto Alegre tenha, nas três administrações, três tipos totalmente
diferentes de orientação educacional. Assim como na saúde, em que também não
temos uma política municipal, a política educacional de saúde sofre desse tipo
de mazela, entre elas a de estar na contramão da história porque não há um
encaminhamento para o ensino profissionalizante, única forma de se enfrentar o
desemprego que está aí, que é um problema muito sério, que é um problema
internacional e brasileiro, que é uma chaga social para todos nós.
Encerrando, quero pedir aos
senhores professores que leiam o editorial da Folha São Paulo, da sexta-feira passada, sobre esse tipo de
recepção da crítica, e essa crítica tem que ser feita, e vou fazê-la do
princípio ao fim da minha responsabilidade como Vereador. Indiscutivelmente,
temos problemas sérios na área da educação e da saúde e temos que lutar contra
eles.
Por isso, senhores
professores e servidores da educação, tenho certeza de que esse Veto será
rejeitado hoje por todo o Plenário, porque sabemos que vocês lutam por uma
educação melhor, e isso não tem testemunho maior do que esse Plenário, que sabe
perfeitamente o quanto vocês são importantes no ensino de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, lei é lei: deve ser clara, precisa, concisa e
respeitada.
S. Exa. o Prefeito diz, nas
suas razões de Veto, que, conforme estabelece o inciso II, alínea “c”, do art.
61 da Constituição Federal, “são de iniciativa privativa do Presidente da República
leis que disponham sobre servidores públicos da União e territórios” –
evidentemente, seriam dos municípios, no caso da Lei Orgânica -, “seu regime
jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria de civis, reforma
e transferência de militares para a inatividade”. Não vejo, aqui, onde tenha
sido desrespeitada a lei, porque não foi iniciativa desta Casa o Projeto de
Lei, que foi do Prefeito. Mas na Constituição Federal não diz que não pode
mexer nos salários. Agora, a Lei Orgânica do Município - e aí a Procuradoria
deveria ter bem presente o fato - diz, no seu art. 34, que, “fixada a isonomia
de vencimentos, será vedado conceder aumento ou reajuste de vencimentos ou
realizar reclassificações que privilegiem categorias funcionais em preterição
de outras, devendo as correções ou ajustes, sempre que necessários, em razão
das condições da execução do trabalho, serem feitos quando da revisão geral do
sistema”. O Prefeito de Porto Alegre já beneficiou a Procuradoria-Geral do
Município, os técnico-científicos, os fazendários. Agora, manda um Projeto de
Lei, em período eleitoral, fazendo justiça aos servidores que estão na saúde.
Teve o nosso apoio. Entrou em um dia e foi votado no outro.
Nada está escrito na lei que
não possa encontrar amparo na citação que o Sr. Prefeito fez. É uma questão de
mérito. E a Lei Orgânica, no art. 34, diz que todos os servidores devem ter
vantagem simultaneamente. Logo, não vejo por que não estender essa vantagem aos
professores. Lei é lei. O Prefeito deveria estender esta vantagem para outros
funcionários da Prefeitura. Isso não é vantagem, e sim direito assegurado por
leis da própria Prefeitura, que são desrespeitadas. Dessa foram, teríamos mais
tranqüilidade.
Não tenho nenhum impedimento
em votar contrariamente ao Veto, baseado no art. 34 da Lei Orgânica, que diz
que todos os municipários deveriam ser beneficiados. O Prefeito está
beneficiando por grupos. A Constituição não diz exatamente o que ele quer. Sou
pela derrubada do Veto. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu poderia dizer que estive na base, ou seja, no
início da concepção da GIT, quando pedi uma audiência ao Sr. Prefeito de então,
Sr. Tarso Genro, e com uma comissão de Procuradores, porque pertencentes à
Procuradoria do Município, estivemos com o Prefeito Tarso Genro expondo a S.
Exa. os níveis salariais dos Procuradores e mostrando a S. Exa. que, no mercado
de trabalho, o Município estava perdendo técnicos para a iniciativa privada. Na
oportunidade, o Prefeito Tarso Genro pediu àquela comissão de Procuradores que
procurasse uma fórmula no sentido de se estender algum benefício aos
Procuradores, e colocou também os técnico-científicos do Município,
engenheiros, arquitetos e outros. Ali nasce, depois de estudos e debates que
realizamos, a Gratificação de Incentivo Técnico, cujo espírito é, exatamente,
dar àquele que detém um cargo superior uma melhora salarial, até para que a
Prefeitura mantivesse nos seus quadros e não perdesse para outras áreas,
inclusive públicas, os seus funcionários extremamente qualificados.
É bom que se chame a
atenção, quando se discute um projeto dessa natureza, que se realce a
qualificação que tem a Prefeitura Municipal de Porto Alegre no seu quadro de
servidores. Todos conhecemos a qualidade, o preparo técnico do quadro de
servidores nos mais diferentes níveis porque pertencemos ao Município.
Penso que este Projeto é
bom, é excelente. A Emenda, em um primeiro momento, pode ter dificuldades de
ordem legal, constitucional, mas, se examinarmos o espírito da própria
concepção da GIT, vamos compreender que ela se direciona a buscar, a incluir, a
alcançar os servidores que têm curso superior. E no caso e na espécie, os
servidores têm curso superior e, se o têm, parece-me que a Emenda faz uma
correção. Ela não cria nada, apenas corrige, na minha opinião, do ponto de
vista técnico, uma lacuna que deixa o referido projeto.
É esta a visão que tenho da
matéria, sem decantar a qualificação dos professores do Município, que já
incluo na primeira parte da minha manifestação como de alta qualificação. É
reconhecido que a Cidade de Porto Alegre detém, no seu quadro de servidores,
nas mais diferentes instâncias, no magistério, servidores da melhor qualidade.
O objetivo que buscava o
então Prefeito Tarso Genro, com quem discutimos amplamente esse assunto, era
destacar a importância desses setores técnicos do Município. Então, a Emenda
vem fazer justiça aos professores que detêm curso superior.
Coloco-me contrário ao Veto
no sentido de tentarmos dar àqueles que têm curso superior o tratamento que vem
sendo dado aos demais servidores que têm curso superior. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação a prorrogação da Sessão por duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
aprovam a prorrogação permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
O Ver. Henrique Fontana está
com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. HENRIQUE FONTANA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, especialmente os
professores que acompanham a nossa Sessão e a discussão desse tema na tarde de
hoje.
Eu quero iniciar minha
intervenção destacando a evidente justiça de todo e qualquer movimento que
busque uma melhoria salarial neste País, e não só neste País, como em qualquer
lugar do mundo.
É evidente que quando eu
ouço a argumentação de V. Exa., Ver. Jocelin Azambuja, fico pensando em
dividi-la em partes. Primeiro: é lógico que, toda a vez que for possível ao
Poder Público qualificar e melhorar o salário do servidor público, isso é
desejável e nós sempre devemos fazer isso. Mas é preciso que se diga que nem
sempre isso é possível. E o que acontece neste momento em que estamos debatendo
esse tema, na tarde de hoje, é que me marca o sentimento de ouvir o Ver.
Jocelin Azambuja propor que todos devem ter uma posição a favor da educação.
Até aí estamos de acordo. Quanto mais pessoas tiverem uma posição a favor da
educação melhor. E aí nos chama a atenção uma incoerência. É evidente que temos
uma contradição aqui. Não há nenhum Vereador nesta Casa que não entenda como
justo o salário para os professores do Município. Não há nenhum Vereador nesta
Casa que não entenda como justo um aumento maior de salário para todos os
servidores municipais. Mas não basta só ser a favor disso. É preciso verificar
se o Município tem condições de pagar esse reajuste. É preciso dizer claramente
que qualquer aumento salarial passa por uma organização da categoria e por uma
discussão sindical, porque senão seria simples para uma Câmara de Vereadores
votar uma emenda, como se pudéssemos fazer uma mágica aqui e definir, através
de uma emenda, e ver como votam os Vereadores, quem é o Vereador bonzinho e
quem é o Vereador mal-intencionado com a educação. Não é isso que estamos
discutindo. Nós precisamos dizer que não é possível, nesse momento, pagar um
salário maior para os professores porque as finanças do Município não permitem.
Uma questão que precisa ser colocada no debate, não especialmente com os professores que estão aqui, mas para os Vereadores que fizeram uso da tribuna, especialmente o Ver. Cláudio Sebenelo e o Ver. Jocelin Azambuja: o que me impressiona é que eu nunca vi esses Vereadores subirem à tribuna para fazer uma crítica em favor da educação, aos baixos salários dos professores estaduais, que também fazem parte do sistema de educação público deste Estado e deste País. O mínimo de coerência que o Ver. Jocelin Azambuja pede à Bancada do PT deveria ser uma crítica contundente do Ver. Jocelin Azambuja, nesta tribuna, à política salarial adotada pelo Governo do Estado, que define um salário para o magistério que é menos da metade do salário municipal. Pergunto para as pessoas que acompanham este debate: por que o Ver. Jocelin Azambuja não discute isso? Por que ele faz uma defesa cega do Governo Estadual a tal ponto de não reconhecer que o salário do Governo Britto é menos da metade do salário que o Município consegue pagar para os seus professores da rede municipal? A nossa administração comete erros e acertos; agora, temos que dizer desta tribuna que essa votação na Câmara de Vereadores de Porto Alegre não define a possibilidade de os professores terem efetivamente incorporada a GIT aos seus salários porque não é a Câmara que pode definir isso. O Ver. Jocelin Azambuja, que fez a Emenda, sabe disso e deveria dizer aos professores que qualquer votação que ocorrer aqui hoje não resolve o problema dos professores. Se é justo lutar por melhores salários, vamos lutar no local correto. Não vamos criar uma falsa expectativa para as pessoas e chamar o magistério do Município a pensar que, se a votação der dezessete a onze ou vinte a dez a favor da derrubada do Veto, significará a solução dos problemas salariais. Não vai significar, porque sabemos que a Câmara não pode definir as despesas salariais do Município. É assim em todos os níveis de governo. Para que os municípios possam pagar melhores salários é preciso que as receitas municipais sejam melhores.
Então, seria importante que
se fizesse uma crítica contundente também, da sua tribuna, a todas as decisões
tomadas, ao longo desse ano e dos anos passados, pelo Governo Federal, que
retira recursos dos municípios e que diminui a capacidade dos municípios de
pagarem melhor os seus servidores. Por exemplo, quando se instituiu a lei que
determina o FUNDEF, Fundo da Educação, decidiu-se que a educação de jovens e
adultos não seria remunerada pelo Governo Federal. Isso diminuiu os recursos do
Município.
Portanto, nós estamos neste
Plenário chamando a uma discussão responsável sobre o tema, entendendo as
dificuldades dos professores, mas colocando claramente a impossibilidade do
Município de arcar com esse aumento neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Anamaria Negroni está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Senhoras, Senhores professores
que aqui aguardam, há tantas horas, a conclusão dessa derrubada de vetos que
nós vamos, certamente, realizar.
Dizia aqui o Vereador que me
antecedeu, Henrique Fontana, que, num passe de mágica, não poderia o Governo
Municipal resolver os problemas dos professores, etc., mas quando se trata do
Governo Estadual e do Governo Federal a sua bancada, o seu partido, a tônica é
sempre no sentido de que o Governo Federal, ou Governo Estadual, pode fazer
mágica, tem dinheiro. Esse é o discurso de vocês. E não é bem assim! Nós todos
- o PSDB, o PMDB, enfim, outras bancadas - sabemos o quanto gostaríamos que
também professores do Governo Estadual, do Governo Federal ganhassem mais,
porque nós sabemos que o crescimento de uma nação está ligado a uma boa
educação. Eu, que vivi lá fora alguns anos, sei disso. Então, eu acredito que
nós todos que estamos aqui, mais os senhores professores, devemos saber o
quanto é difícil manter uma criança, hoje, numa sala de aula devido a n problemas que agora, neste momento,
não nos cabe entrar no mérito.
Nós gostaríamos de colocar
que a razão do Veto Parcial do Governo Municipal, ele se embasa no art. 94,
inciso VII, alínea “a”, da Lei Orgânica do Município, que diz o seguinte:
“Compete privativamente ao Prefeito promover a iniciativa de Projetos de Lei
que disponham sobre a criação e aumento da remuneração de cargos, funções ou
empregos públicos da Administração Direta ou Autárquica”. E, assim, ele
conclui, posteriormente, as suas razões.
Gostaríamos de colocar, como
foi alertado pelo Ver. João Dib, que o art. 34 também diz alguma coisa
contrária ao que está escrito aqui. Por quê? Porque já se passaram outras
etapas. Outros grupos dentro do Governo Municipal se organizaram e conseguiram
essas vantagens. Então, quando isso ocorre, estamos amparados pela Lei
Orgânica. O art. 34 diz: “Fixada a isonomia de vencimentos, será vedado
conceder aumento ou reajuste de vencimentos ou realizar reclassificações que
privilegiem categorias funcionais em preterição de outras...” É o caso, porque na
realidade outras categorias já obtiveram essa GIT e a categoria dos professores
ainda não conseguiu.
Devo parabenizar o Sr.
Presidente do SIMPA, Cezar Pureza, que tanto tem batalhado pelos senhores em
relação a esses avanços. E se as classes não estiverem organizadas essas coisas
não ocorrem. Os senhores só poderão conseguir com que esse Veto seja derrubado
hoje exatamente por isso, pela mobilização e porque este sindicato está sendo
capitaneado por uma pessoa muito batalhadora.
Gostaria de dizer que os professores
municipais, para o Governo Municipal, ou seja, para os petistas, não são
trabalhadores. Aí é que está a questão. São trabalhadores somente os
professores do Governo Estadual e do Governo Federal? Os professores do Governo
Municipal também são trabalhadores e é por eles que nós devemos sempre estar
alerta, defendendo e apoiando.
Finalizo dizendo que o
Governo Municipal deve-se lembrar muito bem de que os professores municipais
são também trabalhadores. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, sinto-me absolutamente tranqüilo em fazer esse
debate porque minha companheira é professora do Estado há mais de vinte e cinco
anos, lecionando em escola de periferia durante todo esse tempo, e eu sei o que
é a vida de uma professora, especialmente de uma professora estadual.
O Ver. Jocelin Azambuja,
fazendo a sua demagogia costumeira, propõe um debate carregado de envieses. O
primeiro enviés que ele esconde na sua tautologia, que também nós conhecemos, é
o enviés de não fazer a discussão de fundo e fazer a discussão meramente
eleitoreira, uma discussão periférica que não diz a verdade, nem para os
Vereadores, nem para aqueles que ele pretende, de certa forma, representar.
O Ver. Jocelin Azambuja não
diz que ele e seu partido defendem um projeto econômico que deriva do consenso
de Washington, cuja principal função é destruir o serviço público, é privatizar
a educação, é privatizar tudo o que interessa, de forma estratégica, ao povo
brasileiro. Ele não diz aos professores, que estão aqui justamente para fazer
sua luta, que defende uma política econômica de abertura das fronteiras e de supervalorização
do real, que faz com que essa Nação tenha um imenso déficit público e com uma
imensa dívida externa de 300 bilhões de reais e de 226 bilhões na dívida
interna e faz com que seja retirada dos trabalhadores para pagar juros da
dívida, este ano, 64 bilhões de reais.
Ele, lá em cima, luta para
tirar direitos dos trabalhadores e vem aqui fazer a sua demagogia, dizendo que
está lutando pelos professores. Ele não diz, Ver. Jocelin Azambuja, advogado
que é, que está escrito no art. 63 da Constituição Federal, assim como na Lei
Orgânica, que não cabe emenda em projeto de origem do Executivo que aumente
despesa. Por que, Ver. Jocelin Azambuja, V. Exa. não diz aos professores que
estão aqui agora, de costas para mim, mas fazendo uma luta legítima, que eu
reconheço, que V. Exa. não tinha competência legislativa, que V. Exa. não tinha
competência legal para fazer essa proposta? V. Exa. com isso ilude os
professores. V. Exa. apenas reafirma o seu jeito de fazer política: política de
fazer demagogia sempre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vou primar pela objetividade, vou admitir, até
porque o Ver. Juarez Pinheiro me merece muito respeito, que possa ter
procedência nas várias colocações que ele fez no seu discurso. Agora, faço uma
pergunta: o que tem a ver essa situação do Fernando Henrique, da política
externa dele, com o problema que estamos discutindo aqui? A discussão é
basicamente a seguinte: fazemos algum atentado à Constituição Federal quando,
ao decidirmos uma matéria, introduzimos emendas ao Projeto de Lei de iniciativa
do Sr. Prefeito Municipal? Então, discute-se que a iniciativa é privativa do
Sr. Prefeito Municipal. Ninguém está discutindo.
Agora farei outra pergunta
e, da resposta que me derem, posso até mudar a minha posição. Os projetos de
iniciativa do Prefeito vêm aqui para esta Casa para eu carimbar, para dizer que
concordo ou discordo? Eu tenho o poder de examinar, melhorar, modificar, ou não
tenho esse poder? Se eu não tenho esse poder, Sr. Presidente, essa matéria não
deveria nem ser colocada a minha consideração.
O Ver. Fernando Záchia
analisou esse Projeto na Comissão de Justiça e disse que o Veto era legal. E é
legal. O Prefeito tem o direito de vetá-lo. Agora, eu tenho o direito de
decidir se concordo ou não com os termos do Veto do Sr. Prefeito. E quero
dizer, honestamente, que não vi nenhum fundamento, a não ser um rigor formal
que sempre é colocado quando se trata de defender posições do Executivo, que
viesse a me autorizar a mudar a minha posição. Eu votei pelas emendas do Ver.
Jocelin Azambuja e pela subemenda do Ver. Carlos Garcia. Entendi que estava no
exercício de um direito. Essa Emenda foi aprovada, o Prefeito vetou. Cabe a nós
examinar se esse Veto tem fundamento ou não. Formalmente, está correto, o
Prefeito tem o direito de vetar. Agora, nós não ficamos obrigados a aceitar o
Veto do Sr. Prefeito. Nós temos a prerrogativa de decidir, no interesse da
comunidade, se aceitamos ou não o Veto.
Eu entendo que o Veto não
deve ser aceito, Sr. Presidente, porque todos os argumentos que foram trazidos
aqui não modificaram o fluxo central da questão muito bem levantada pelo Ver.
Carlos Garcia. O Ver. Carlos Garcia, basicamente, diz que foi a gratificação de
incentivo à produtividade, de incentivo técnico, progressivamente estendida a
todas as categorias detentoras de cargos e de formação de nível superior. Por
que só os professores ficaram excluídos disso? Não será isonômico. Esse é o
fundamento do Ver. Carlos Garcia ao sustentar sua posição. Não encontrei nenhum
argumento, nenhuma posição, nada que justificasse encontrar a mudança da
posição que eu tive quando votei a favor do Projeto. Eu votei a favor do
Projeto? Vou renovar a minha posição agora, porque acho que não se pode excluir
os professores desse contexto em que todos os portadores de nível superior são
gratificados no Município de forma a ter esse incentivo técnico. Se todos
recebem, por que excluí-los? Esse é o problema, essa é a solução, essa é a
questão: exclui-se ou não se exclui o magistério? Eu não quero excluir o
magistério; por conseguinte, não vou acatar o Veto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Renato Guimarães está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
O
SR. RENATO GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Casa - já afirmamos isso em Sessões
passadas -, de dois meses para cá, virou espaço para o debate eleitoral e não
para se fazer uma análise, de fato, das condições que o Município de Porto
Alegre atravessa com relação às suas despesas e receitas.
Digo com toda a certeza: não
é séria a proposição do Ver. Jocelin Azambuja porque ela não parte do princípio
de discutirmos o conjunto das despesas do Município levando em conta o conjunto
das receitas do Município. Não! É uma proposta isolada dentro de um conjunto de
discussões que, com certeza, a Câmara de Vereadores tem que fazer. Portanto, no
meu entendimento, eu não tenho outro registro a fazer em relação à proposição
do Ver. Jocelin Azambuja senão chamá-la de demagógica.
Outra história é a discussão
com os educadores municipais, estaduais e federais. Debate nenhum, nesta Casa,
na Assembléia Legislativa, ou no Congresso Nacional, vai, neste momento,
resgatar o valor de profissionais das áreas da educação e da saúde. São duas
áreas para as quais o conjunto das finanças públicas não está dando prioridade
de forma responsável. Com todo o respeito que esses cidadãos que nos acompanham
hoje mereçam, não há como Porto Alegre ser uma ilha, não há como Porto Alegre
ter uma política salarial diferente, exemplar, quando Porto Alegre teve
retirados, ano passado, sete milhões de reais do seu Fundo de Educação. “Ah,
mas esse debate nós não temos que fazer”. Mas como nós vamos pagar se não entra
receita? Nós, os Vereadores, temos que ser responsáveis para discutir despesas,
mas também responsáveis para ver como está a entrada das receitas no Município de
Porto Alegre.
Outra discussão a se fazer
aqui: em 89, o número de servidores públicos, no Município de Porto Alegre, era
de dezenove mil; hoje são vinte e seis mil os servidores. O que isso diz? Diz
que a Prefeitura de Porto Alegre tem uma política de admissão de servidores e
não de demissão, como é a política, Ver. João Dib, em São Paulo, do seu
governo, do PPB, por exemplo, que privatiza escolas, transformando-as em
organizações sociais, e aí estão essas escolas, sendo administradas por
empresas que estão demitindo os professores. Em São Paulo, os professores são
mão-de-obra descartável pelas atuais empresas de educação. “Ah, isso não é
importante, não é em Porto Alegre, é lá em São Paulo; é no quintal do vizinho
que estão arrancando as rosas.” Mas não sabemos como vai estar o nosso quintal
a partir de 4 de outubro. “Ah, mas não é importante fazermos este registro
aqui; é importante, só, tratarmos pontualmente da GIT.” Não, é importante, sim,
a Bancada do PT, as bancadas responsáveis nesta Casa fazerem o debate do que
chamamos de destruição da educação. Porque pergunto: hoje qual o professor das
escolas do Estado que não leva sacolão para as escolas para vender muamba
porque ganha 190 reais por mês e precisa levar sacolão para vender muamba na
escola?
Se em Porto Alegre não está
bom, vamos trabalhar para ficar melhor, mas não fazer demagogia neste Plenário,
trazer parte de uma categoria e dizer que é com uma emenda que se resolve o
problema de salário no Município. Resolve-se o problema do salário no Município
com repasses, não com boicotes dos Governos Estadual e Federal em relação à
Prefeitura de Porto Alegre. É dessa forma, Ver. Jocelin Azambuja. E nós não
vemos por parte das bancadas de oposição nesta Casa o incentivo em discutir o
salário do professor do magistério das escolas estaduais em Porto Alegre, que é
de 190 reais.
Por isso, registro: por
favor, sim, é um momento eleitoral, mas esta Casa e os cidadãos de Porto Alegre
merecem respeito. Chega de demagogia! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): A
Vera. Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Srs. Professores e
Professoras, educadores do Município, em primeiro lugar, gostaria de dizer que
em todas as lutas, aliás, sempre formos pares e partes das organizações dos
sindicatos nesta Cidade e neste País, principalmente na área da educação, e
dizendo isso quero dizer que cada vez mais estamos juntos com essas
organizações que ao longo do tempo vêm sendo descaracterizadas e não têm como
prioridade, infelizmente, de muitos dos parlamentares que aqui se encontram,
reforçar essas lutas, porque uma luta de categorias não é apenas uma luta onde
façamos uma via de fragmentação. Ela tem que ser uma luta unificada e uma luta
que, muito mais que vir discutir no Parlamento, que também é importante, tem
que se dar no seu sindicato, nas instâncias que devam ser feitas.
Agora, o que realmente me
traz aqui não tem nada a ver com fazer uma polemização com os professores, mas
sim com a farsa de alguns Vereadores e Vereadoras que usam desta tribuna,
principalmente em um ano eleitoral, para fazer demagogia e fazer uso de pessoas
sérias, que com toda certeza levam a sério aquilo que fazem no nosso País, onde
foram dados à GM e à Ford mais de 600 milhões de graça para fazer o
investimento, quando, de verdade, ele deveria ter sido feito justamente nesses
setores que vêm sendo sucatados, como a área da saúde e da educação.
A
Sra. Anamaria Negroni:
V. Exa. permite um aparte?
A
SRA. MARISTELA MAFFEI:
Não vou lhe dar aparte, Vereadora, porque, na condição em que me encontro, eu
tenho muito pouco tempo e eu quero expressar, neste pouco tempo, não apenas às
pessoas que estão aqui, mas às pessoas que estão ouvindo nas suas casas...
A
Sra. Anamaria Negroni:
Isso é demagogia.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Não
tem problema. Eu vou continuar com o meu pronunciamento. V. Exa. que se
inscreva, por favor.
Eu quero dizer que neste País
são sucatadas todas as instituições que trabalham sério. Têm sido desmanteladas
justamente por esses Governos Estadual e Federal, que não têm responsabilidade
com as questões públicas do nosso Estado e do nosso País. Falo com muita
tranqüilidade, porque moro na periferia e conheço bem a realidade não apenas de
uma categoria, mas aquelas pessoas que não conseguem ter um emprego e nem mesmo
um salário digno para trazer o pão de cada dia. Este é o momento que temos que
nos dar conta que, a trinta dias de uma eleição, nós sentimos o quanto é forte
a demagogia daqueles que têm o poder na mão, daqueles que fazem deste País uma
vergonha em nível internacional.
Hoje eu estava escutando um
analista político e econômico e ele dizia que nos únicos países em que a bolsa
não cai são nos países europeus, em sua grande maioria, e nos Estados Unidos e
que o Brasil e aqueles países que são dependentes da sua economia vêm cada vez
mais sendo sucatados. E, com certeza, antes do dia 4 de outubro, o Sr. Malan
vai estar baixando um pacote jamais visto no País, uma recessão e um índice de
desemprego cada vez maior. Infelizmente, o que esse Governo quer é, cada vez
mais, privatizar a área da educação e da saúde, porque, na verdade, se formos
nas universidades, veremos que cada vez menos temos trabalhadores e
trabalhadoras. Aqueles que dão o seu sangue, o seu suor, não podem ingressar
numa universidade.
Eu também, que tenho por
formação ser professora, e tenho muito orgulho disso, quero lutar, junto com
vocês, cada vez mais, porque nós somos formadores de opinião. Nós não podemos
deixar que esses falsos formadores de opiniões que fizeram parte dessas
tribunas façam com que nós passemos uma imagem errada de que somos apenas
lutadores de parlamento. A luta é na rua, e a luta de vocês, sim, é digna, mas
junto com toda a sua categoria. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Hélio Corbellini está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
O
SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr.
Presidente, Sras e Srs. Vereadores, caros Professores, eu, muito cedo, li,
quando perguntaram ao Gorki qual era a profissão mais importante que ele
considerava. Ele respondeu que, em primeiro lugar, considerava que a função
mais importante na sociedade era a dos poetas e dos artistas, mas, logo em
seguida, vinham os professores e educadores.
Se nós ouvirmos e
analisarmos hoje todos os discursos que ouvimos aqui, nós poderemos pegar o
retrato de como o mundo está tratando quem educa - o professor. Não é só aqui,
isso é verdade. A educação no mundo ou é instrumento de dominação ou é
maltratada, mal paga e colocada no nível ralo de todas as funções da sociedade.
Todas elas são importantes, mas não há quem possa tirar a importância do
professor. É absolutamente inadmissível que um professor do Estado, do País,
das Filipinas, da África ou de qualquer lugar tenha que depender de outras
atividades para a sua sobrevivência, porque aí há um desvirtuamento da sua
função, porque ele não pode cumprir a plenitude da sua função, e é por isso
que, muitas e não raras vezes, a função de educar é deturpada e não é atingida
nos seus objetivos.
Eu não quero discutir quem
paga mais ou menos. Nós todos, uns piores que outros, pagamos mal os
professores, e esta é uma oportunidade, apesar de os Vereadores terem saído do
Plenário, de dizer que volta sempre, cada vez mais, a necessidade de nós
discutirmos, aqui nesta Casa e em todos os cantos, qual é, afinal, o poder da
Câmara de Vereadores. Agora é o momento de fazermos valer a paridade de
poderes.
A Emenda tem rasgos
inconstitucionais, é verdade, como tantas outras leis que nós aqui consideramos
e votamos quase que unanimemente sabendo que eram leis que tinham problemas de
constitucionalidade. Quem é que vai entrar na Justiça contra a lei? Eu não acredito
que sejam os senhores e as senhoras. Eu sei que as questões dos recursos
municipais são essas legítimas que foram discutidas aqui, mas não podemos mais
negar. Quando aparecer na nossa frente a possibilidade de corrigir desvios, nós
temos que responder “sim”.
Eu não acho que estamos
sendo nem irresponsáveis nem demagógicos, porque de agora em diante, pelo
menos, lá naquela Cidade de Porto Alegre, uma Câmara de Vereadores votou, sim,
de forma atravessada, um pequeno aumento que vai facilitar um pouco a vida dos
professores municipais, que vai, quem sabe, dar um pouco mais de tempo para que
se preparem, estudem mais, para que os nossos filhos saiam dos seus bancos
escolares da forma como todo pai quer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir. Desiste. A Vera. Maria do
Rosário está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do Partido dos Trabalhadores precisa
discutir as matérias, talvez em maior número de Vereadores que as demais
bancadas, porque, no período de encaminhamento, nós temos somente cinco
minutos, enquanto todas as outras também têm cinco minutos. Isso, muitas vezes,
significa uma ponderação não tão equilibrada no debate de idéias. Dessa forma,
para nós, do PT, é fundamental quando os nossos Vereadores se inscrevem e
apresentam as suas posições, posições que são construídas com o nosso Governo
Municipal, posições que são sérias. Enfim, faço questão de referir aqui que é
um desafio muito grande tratarmos dessa matéria. Certamente nenhum dos
Vereadores do Partido dos Trabalhadores que ocupou esta tribuna ocupou de forma
inconseqüente nesta tarde e neste debate. Todos nós temos o máximo de carinho
por todo debate que se refere à educação pública, tanto quanto falamos em
defesa da universidade pública em nível federal, da nossa Universidade Federal,
da necessidade de cursos noturnos, da audiência pública que realizamos neste
Plenário, quando os servidores públicos federais estiveram em greve por mais de
setenta dias sem conseguirem um só reajuste, apesar de tanta propaganda do
Governo de Fernando Henrique.
Quando debatemos as
políticas do Estado e os salários miseráveis de nossos colegas, nós somos
conseqüentes e somos conseqüentes, também, procurando buscar sempre a justiça,
quando debatemos as políticas de educação do Município de Porto Alegre.
Confiamos que a rede municipal de ensino, pelo trabalho de todos os educadores,
funcionários e trabalhadores em educação, é uma rede que tem superado
dificuldades que estão presentes na educação, em toda a sua plenitude, em
nossos dias. Vivemos dias de questionamentos em educação. Nós falamos em
tecnologias, em um novo tempo, em um novo milênio, enfim, falamos sobre
educação em uma época em que fazer educação é extremamente contraditório,
difícil e que somos chamados tantas vezes a assumir o papel das famílias.
Concluímos, sem dúvida, que
aqui em Porto Alegre existe um projeto pedagógico em curso, um projeto político
e pedagógico do qual nos orgulhamos, não por fazermos parte de um partido que
está no Governo Municipal, mas porque educação se faz ao longo do tempo,
educação não se faz de um governo em um mesmo governo, e não se faz em um
momento em um mesmo momento, em um Plenário e somente nesse Plenário. Faz-se
educação todos os dias: no trabalho que cada educador realiza com seus alunos,
nas escolas, na rede de ensino, nas escolas infantis, na educação de jovens e
adultos. Fazemos educação todo o tempo. Digo isso aos senhores não pela votação
que possamos ter agora. Penso que, quando o Ver. Henrique Fontana apresentou
essa reflexão aos senhores e senhoras, foi com o máximo carinho, dizendo que
aqui não existem Vereadores bons ou maus, mas existe uma reflexão sobre
educação pública, sobre o papel do Estado, sobre as responsabilidades que temos
e que nos tocam profundamente. É por isso que para nós, educadores, neste
Plenário, não é fácil falar sobre um tema que envolve a questão de melhoria de
salário para os educadores. Sentimo-nos comprometidos e sensibilizados,
sentimo-nos desafiados a buscar sempre melhores condições de vida e de trabalho
para quem, como nós, trabalha por uma vida melhor, para quem acredita mesmo no
futuro.
Quero dizer aos senhores e
senhoras que não é por outro motivo, que não é por falta de respeito. E me
permita, Ver. João Carlos Nedel, nesses meus cinco minutos, discorrer sobre
esta matéria e debater com V. Exa., se V. Exa. se inscrever e me ceder o tempo,
porque V. Exa. não falou ainda. Então, se inscreva, Vereador, por favor!
O
Sr. João Carlos Nedel: Eu
me inscrevo e V. Exa. me concede um aparte. (Assentimento da oradora.)
Vereadora, eu só queria fazer uma pergunta.V. Exa. é tão a favor dos
professores: por que não vota em favor deles agora?
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: V.
Exa. fez uma pergunta certamente para ter muitos aplausos, mas o certo é que
nós estamos fazendo uma reflexão séria. E quero dizer que talvez eu pudesse,
pessoalmente, ficar impedida de votar o Projeto, porque o nosso Regimento
estabelece que eu não devo votar um projeto que poderá me beneficiar. Mas eu
não quero me considerar impedida. Quero-me considerar Vereadora. E agradeço o
tempo de V. Exa. e aproveito para responder que quero votar, porque nós, do
Partido dos Trabalhadores, não temos duas caras, temos uma só, e nós lutamos
pela educação pública não por um momento e não neste Plenário e não agora, Ver.
João Carlos Nedel. Nós lutamos pela educação pública pela nossa vida, pelo
nosso trabalho, pela nossa coerência.
Quero-lhe dizer que, neste
momento, nós estamos debatendo um projeto que veio a este Plenário com um
histórico. V. Exa. e o Ver. Pedro Américo Leal acompanharam a trajetória deste
Projeto, o projeto que estende a GIT, gratificação de produtividade, para os
profissionais da área da saúde. Este é o Projeto original, que tem trinta
horas. Como este Projeto chegou no nosso Plenário? Ele chegou a partir de uma
pauta de discussões do Hospital de Pronto Socorro, dos trabalhadores da saúde.
Ele foi apresentado como uma demanda forte, mobilizada, de setores que têm
lutado pela saúde pública, que sentaram numa mesa de negociação com o Governo,
sindicato, enfim, associações. Especialmente destaco, aqui, o papel do Centro
de Estudos do Hospital de Pronto Socorro. Este foi o Projeto original. Foi
assim que o Projeto chegou, como uma luta e uma demanda dos trabalhadores na
área da saúde.
Como educadora, tendo
participado em muito da luta do magistério, especialmente do magistério público
estadual, onde me encontro há mais tempo vinculada, quero dizer aos senhores
que nós levamos ao Plenário muitas vezes as nossas demandas, mas como fruto de
mobilizações e de lutas construídas dentro da categoria.
Pedimos ao Ver. Jocelin
Azambuja que não apresentasse esta Emenda pelo vício da legalidade, por um
lado, mas, fundamentalmente, porque queríamos debater todas as questões com o
próprio funcionalismo. Não queremos aqui, em nome da Bancada do PT, fechar a
porta para qualquer discussão relativa à GIT, mas dizer que coerentemente
defendemos um plano de carreira. Por toda a minha trajetória política e da
minha bancada, reconheço o direito de luta, de reivindicação, o direito de
ofertarmos e apresentarmos as nossas demandas, mas este Projeto precisa ser
composto a partir de uma mesa de negociação entre o magistério e a própria
Administração Popular.
Sinto-me à vontade para vir
a esta tribuna em que pese gostasse de ter outra possibilidade de diálogo com a
minha categoria, um diálogo aberto, com um sindicato mais valorizado, um sindicato
que não fosse de tanta agressão, mas de construção das pautas da categoria.
Educação se faz com educação, com luta e com coerência, e me sinto hoje mais
educadora do que nunca dizendo o que penso e passando o meu sentimento para a
minha categoria e colocando, sem nenhum medo, o que nós, Bancada do Partido dos
Trabalhadores, estamos buscando construir - uma relação democrática onde todos
tenham o seu papel e em que a comunidade escolar seja mais valorizada,
esperando que este triste episódio de uma emenda demagógica não sele as nossas
relações, mas que abra a possibilidade de um diálogo mais qualificado entre
todos os Vereadores que são sérios nesta Casa e a própria categoria e os
trabalhadores deste Município, que não podem ser representados por um sindicato
que nada representa, porque nada tem na sua base que possa valorizá-lo.
Senhores e senhoras, quero
dizer do nosso desejo de lutarmos por uma qualidade ainda maior da educação e
que contamos com todos que possam fazê-lo no Estado do Rio Grande do Sul, no
País e no Município de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, estava querendo atender ao pedido de não fazer a
discussão, mas algumas intervenções precisam ter o contraponto necessário. Não
vou fazer a defesa do Sindicato dos Municipários, porque o sindicato é capaz de
defender a si próprio. É infeliz qualquer acusação a sindicato que se faça
apenas porque o sindicato não pensa como nós, não age como gostaríamos. É bom
lembrar que, se há uma preocupação tão grande com salário, com encaminhamentos
de questões do funcionalismo público municipal, a Prefeitura Municipal e a
própria Bancada do PT poderiam ter ajudado a resolver o problema do dissídio,
que este ano ainda está empacado, ainda não se resolveu. Apesar de encaminhado
desde março, continua sem uma solução. Mais do que isso, a decisão em nível de
Brasília, do Tribunal, daquelas velhas reivindicações, decidida, agora, nos
últimos dias, evidencia que, muitas vezes, aquilo que aparentemente é colocado
como inconstitucional ou inorgânico, que não pode ser de iniciativa desta Casa,
o Judiciário também tem idéia diferente, também tem idéia diversa, e nós
acabamos tendo razão. É fundamental, sim, que um Legislativo possa fixar o seu
posicionamento.
Ouvi aqui o Ver. Renato
Guimarães dizer que nós, da oposição, eventualmente, fazemos demagogia; ouvi
aqui a Vera. Maristela Maffei dizer que estaríamos representando uma farsa.
Proponho uma coisa bem simples: se o Ver. Renato Guimarães conseguir demover os
Deputados do PT, da Assembléia, nas suas colocações em determinados projetos...
Alguns também podem ser chamados de demagógicos: por exemplo, a questão dos
funcionários do Judiciário, que está em discussão esta semana. Se a Vera.
Maristela Maffei conseguir demover os Deputados Federais e Senadores do PT para
também desistirem de alguns outros projetos deles que estão no Congresso
Nacional, nós podemos desistir aqui. Agora, é curioso que, quando nós temos um
posicionamento, somos farsantes e demagógicos; quando os políticos do PT fazem
a mesma coisa, então estão em defesa do trabalhador. Dois pesos e duas medidas
que não aceitamos, que vamos denunciar permanentemente, mostrando, no mínimo,
como é incongruente esse tipo de comportamento a partir da nossa própria
posição. Pretende-se dizer aqui que os Vereadores do PT ocuparam a tribuna de
maneira conseqüente, sem nenhuma inconseqüência. Quero dizer que também os
Vereadores de oposição têm a mesma posição e a mesma preocupação. Ninguém é
inconseqüente, ninguém fala por falar. Cada um, aqui, falou com a sua absoluta
responsabilidade da sua representação pessoal. Há um eleitorado por trás. Foi
isso que nos transformou em trinta e três Vereadores de Porto Alegre, nas
posições diferentes e contraditórias, sim, para fazer o contraponto, e, por
outro lado, também respondendo pela posição das suas bancadas e dos seus
partidos.
Diz-se, eventualmente, que
não se sabe como vai estar o nosso quintal no dia 4 de outubro. Eu quero dizer
que sei. Dia 4 de outubro vou ter, como Presidente da República, Fernando
Henrique Cardoso, e, como Governador, Antônio Britto, sem nenhuma dúvida. Ou
seja, vamos continuar trabalhando numa linha de recuperação e de encaminhamento
deste País para o futuro. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso, agrade ou não a
quem falou antes, a quem eu ouvi com respeito e em silêncio e gostaria que
agora também me ouvisse com respeito e em silêncio.
Política de pessoal do PT?
Política de pessoal, da administração de pessoal? Pergunto: para concursado ou
para CC? Se aumentou de dezenove mil para vinte e seis mil, quais são os
percentuais que aumentaram em CCs e funcionalismo público concursado? Se eu
tiver esse percentual respondido pela Bancada do PT, até posso admitir que
houve política de pessoal, senão vou continuar pensando que houve política de
pessoal de CC para atender ao partido que hoje está no poder. Creio que essas
coisas têm que ser bastante discutidas, têm que ser trazidas à baila no momento
em que temos a possibilidade de fazer essa discussão. Por que temos de imaginar
que nós somos os grandes culpados?
Imaginem, Srs. Vereadores,
se para justificar esse Projeto e a sua impossibilidade talvez fosse melhor
dizer: “não podemos dar aumento aos professores porque Biafra está passando
fome; não podemos dar aumento aos professores porque a Rússia quebrou; não
podemos dar aumento aos professores porque o dólar não é mais a moeda-padrão”.
A lógica de trazer as discussões que estamos fazendo no âmbito desta Casa em
torno da Prefeitura de Porto Alegre, do Município, da Cidade se expande de tal
maneira pelo Rio Grande do Sul - o culpado é o Governador - e pelo País inteiro
- o culpado é o Presidente -, que eu posso dizer também que culpados são os
outros países, as outras nações, enfim, é o universo inteiro.
Chegamos num nível de debate
realmente muito complicado. Coloco isso, Sr. Presidente, para se trazer o
debate para o dia-a-dia de Porto Alegre, que é o debate melhor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cyro Martini está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, essa luta encetada por um
segmento específico do funcionalismo municipal merece, sem dúvida, a nossa
atenção, o nosso carinho, conquanto haja óbices, de um lado, de natureza
jurídica e, de outro lado, de ordem financeira, que impedem o Município de vir ao
encontro das aspirações do quadro do magistério municipal. Mas eu, enquanto
funcionário público estadual, representando, nesta Casa, parte desse quadro do
servidor estadual, sempre repito que o funcionário deve lutar por aquilo que
ele entende ser seu direito, por aquilo pelo qual ele deve, se assim entende,
lutar, batalhar.
Mas quando eu ouço falar -
sendo funcionário público estadual, assim como os senhores, que são
funcionários municipais, e outros tantos, que são funcionários públicos
federais - no nome do Governador do Estado, Britto, chego a tremer. Por dois
motivos. O primeiro deles é pelo que eles já fizeram para o funcionalismo. Os
direitos conquistados pelo funcionalismo brasileiro, de um modo geral, ao longo
de décadas, eles derrubaram numa tacada. O Fernando Henrique e o Britto puseram
por terra direitos sagrados do funcionalismo. E, obviamente, não podemos
concordar com isso.
De outra parte, quero
lembrar aos senhores, se preciso for, e se não for preciso peço desculpas
antecipadamente, que, com relação à dívida e ao déficit interno, já anuncia o
Governo, através dos meios de comunicação, antes de 4 de outubro - vejam o que
nos espera lá adiante, depois de 4 de outubro, se nós tivermos a infelicidade
de contar na Presidência com Fernando Henrique e no Governo do Estado com o
Britto -, medidas contra o funcionalismo público, como a demissão de
funcionários. Vejam: se o funcionário federal, se o funcionário estadual não
conseguiram nada, praticamente, em termos de remuneração ao longo desses dois governos
federal e estadual mencionados por mim, não podem esperar mais adiante nada que
venha ao encontro das suas legítimas aspirações. Muito pelo contrário, se os
direitos sagrados do funcionalismo já foram derrubados de vez e dentro da
Constituição Nacional, esperem, porque, por esta linha, as coisas ficarão muito
piores para o funcionalismo federal, estadual e municipal.
Lutemos por aquilo que temos
como sagrado direito nosso. É obrigação nossa, para conosco e com nossa
família. Em razão da minha origem na organização policial civil, quero lembrar
ao Governo do Estado que os policiais civis estão aí também lutando para ver
reconhecido o seu direito em relação aos vencimentos que lhe dizem respeito e
que o Governo do Estado não dá a menor importância. É direito já consagrado em
lei. Aos funcionários do Município, sejam eles professores ou não, digo, como
também digo para os demais: lutem, porque a nossa obrigação é lutar por aquilo
que nós entendemos nosso direito, não só com relação a nós, mas o compromisso
que temos com a nossa família, com todos aqueles que são nossos entes queridos.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antônio Losada está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, professores, direção sindical aqui presente. Nós
queremos revelar a nossa solidariedade à luta justa dos professores por
melhoria salarial. Queremos ressalvar uma conjuntura nacional que se coloca,
que coloca os trabalhadores brasileiros de um modo geral em dificuldades
salariais, especificamente os funcionários públicos, com a reforma
administrativa proposta pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso, reforma esta
que retira a estabilidade dos funcionários públicos. Queremos lembrar aos
funcionários públicos da retirada da possibilidade de desenvolver o plano de
carreira para as respectivas categorias. Lamentavelmente, uma luta tão justa,
tão importante por melhoria de salário, nós percebemos que procuram transformar
essa luta dos professores, uma luta justa por melhorias, num palanque eleitoral
em benefício daqueles que todos os trabalhadores brasileiros já conhecem, em
benefício de Britto e de Fernando Henrique.
Para nós é lamentável que
seja utilizada via Legislativo, via um Vereador desta Casa, jogada uma emenda
tão demagógica no sentido de mobilizar uma categoria, sem que essa mesma
categoria, através da sua mobilização, da sua consciência, da sua organização,
do seus sindicatos com uma tradição de luta - um sindicato que tem uma
expressão de vinte e seis mil funcionários -, estabeleça um canal de
negociação, estabeleça um canal de mobilização junto ao Prefeito Municipal,
junto à própria Câmara de Vereadores. Não é possível, numa jogada de pena,
tentar transformar uma condição salarial em benefício de uma categoria através
de uma emenda. O Ver. Jocelin Azambuja, lamentavelmente... Sr. Presidente, peço
que seja assegurado meu tempo.
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Peço,
mais uma vez, à assistência que, por favor, permaneça da forma como já foi
orientada, não só por mim, como também pelo Presidente da Casa.
Ver. Antônio Losada, o tempo
de V. Exa. está assegurado. Tem a palavra V. Exa.
O
SR. ANTÔNIO LOSADA: O
nobre Ver. Jocelin Azambuja utiliza, num momento de disputa interna de uma
categoria, num momento em que a direção do sindicato vai ser avaliada pelo
conjunto dos seus associados, um espaço como esse para mobilizar uma parcela
desta categoria e jogá-la contra uma administração que vem há dez anos dando
exemplo de democracia, de transparência, de espaço para diálogo com todos os
seus funcionários. É necessário que essa condição seja respeitada, que este
espaço seja renovado em todos os momentos, mas isso não pode ser utilizado
através de demagogia. Sabemos perfeitamente da luta dos trabalhadores deste
País por melhoria salarial. Esses governos, como o Governo Federal, que há
quatro anos não dá aumento salarial aos funcionários públicos federais, querem
exigir, sem o estabelecimento de diálogo, sem examinar as receitas do Município,
e estabelecer vantagens que não condizem com a realidade orçamentária.
Quero respeitar toda a
mobilização dos professores. Quero respeitar a mobilização do sindicato,
ressalvando que o sindicato não se deve utilizar de espaços legislativos para
transformá-los em palanque eleitoral para a continuação na liderança de uma
categoria. A continuação desta direção sindical só vai se expressar e ser
vitoriosa se realmente mobilizar o conjunto dos trabalhadores municipários.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Pedro Ruas está com a palavra para discutir o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. PEDRO RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a manifestação é muito breve, até porque todos os
Vereadores e a categoria têm interesse que a votação ocorra a partir de agora,
mas é importante, em momentos como este, até porque em outras ocasiões procedi
da mesma maneira, registrar o fundamento do meu voto no Plenário.
Tenho certeza de que todos
os Vereadores que puderem ou que puderam, na tarde de hoje, ou em ocasiões
anteriores, quando da apreciação do Projeto, se referiram à forma pela qual
cada um de nós encara essa matéria. Particularmente, como não é encaminhamento
e sim discussão, eu coloco uma visão pessoal e não de bancada. Entendo que, no
momento em que tivemos a possibilidade concreta de atingir um segmento de uma
categoria profissional, como foi o Projeto original encaminhado, não importa
mais o objetivo da Emenda, a não ser o fato de que não há como manter o Veto
nessas condições.
Eu não estou aqui elogiando,
e digo isso com franqueza: eu não faria a emenda desta forma. Digo com
franqueza e respeito, até porque há posições divergentes e nós temos uma
divergência de encaminhamento de questões dessa natureza, mas, feita a Emenda,
é impossível, da forma como eu defendo essas questões, votar contrariamente a
ela ou sustentar o Veto nessas condições. Na prática, ele persegue a eqüidade.
Na prática, em relação àqueles servidores que têm a sua vida modificada ou não
por essa Emenda, tem justo motivo para desejar que ela seja mantida e o Veto
derrubado. Na prática, há sim, dentro de uma mesma categoria, a extensão de um
benefício a servidores que também o merecem. Na prática, há, enfim, uma forma
de fazer justiça a partir de uma emenda que, na sua motivação, não teria o
apoio deste Vereador. Eu nunca faria esta Emenda nessas condições num projeto
que não era de minha autoria e num projeto em relação ao qual um Vereador teria
problemas com relação ao vício de iniciativa. Feita a Emenda e colocada para
julgamento dos Vereadores, não entendo como justificar a manutenção de algo
justo para um segmento, para um setor de uma determinada categoria
profissional, que não possa ser estendido a um outro setor que preencha
requisitos assemelhados.
Nessas condições, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, encerro o pronunciamento, até em função do
horário, dizendo que, da forma como está colocado, o meu voto é pela derrubada
do Veto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Essa
Presidência solicita ao Ver. Isaac Ainhorn, por motivo de este Vereador ter que
se retirar, neste momento, do Plenário, que V. Exa. assuma a direção dos
trabalhos na qualidade de 2º Vice-Presidente da Mesa Diretora.
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Encerrada
a discussão. Em votação. O Ver. Nereu D’Ávila está com a
palavra para encaminhar o PLE nº 019/98 - Veto Parcial.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, encaminho esta matéria em nome da Bancada do PDT
e o faço, evidentemente, pela derrubada do Veto.
Queremos dizer que ouvimos
em silêncio aqui uma série de manifestações e com todo o respeito aos
Vereadores que alegaram uma série de problemas de nível até internacional, que
não contribuíram com argumentos verdadeiramente plausíveis para o convencimento
da manutenção do Veto. Até o Ver. Henrique Fontana, que eu admiro, disse que o
Estado paga mal. Mas aí é nivelar por baixo, se nós defendemos uma política
forte para os funcionários. E até a despesa dessa Emenda será mínima em relação
ao Orçamento. A Vera. Maria do Rosário alegou que ficaram três anos - o Governo
Federal - sem dar aumento. Mas o Lula quer ganhar a eleição exatamente para
mudar isso. É esse o discurso do PT? Não é mostrando os erros, e, se quisermos
mudar, não fazer aquilo. Então, se está mal, se faça ao contrário, que se
comece aqui, num microorganismo, aqui, na circunstância municipal.
Outra coisa: eu acho que,
com todo o respeito, esta matéria não teria que ficar até esta hora, com toda
esta discussão, por um motivo muito simples: o fundamento principal do Veto é a
questão do vício da iniciativa, e o vício da iniciativa é uma questão jurídica.
Então, se o Executivo for coerente com a questão jurídica, ele não vai
reconhecer a iniciativa do Vereador e vai questionar na Justiça. Então, as
razões do Veto não são de ordem de mérito. O que me surpreendeu foi os
Vereadores do PT trazerem problemas de ordem de mérito. Porque, no mérito, eu
acho que temos que ser consentâneos com a realidade, temos que viabilizar aos
setores a melhoria das categorias, principalmente na área da educação e da
saúde. Mas a questão não é o mérito. Não foi vetado pelo mérito, mas, sim, pelo
vício da iniciativa de aumento de despesa.
Eu digo aos senhores que nos
visitam que há, no Tribunal de Justiça, no Pleno, um terço de Desembargadores
que já estão entendendo que não é emblemática essa situação de parlamentares,
quer a nível municipal, estadual ou federal, não poderem lidar com questões
tributárias ou acréscimo de despesas nos orçamentos. Então, não é pacífico no
Tribunal. Houve um caso de um projeto deste Vereador em que, de vinte e um
Desembargadores, sete, ou seja, um terço, não acompanham esta linha de que é
vedado ao legislador, seja qual for o nível, lidar com esta área. Portanto, eu
digo que a matéria não é pacífica, essa do vício da iniciativa, que é a razão
do Veto. E digo mais: o relator da matéria a que me refiro é um ilustre
professor, dos mais conceituados da Universidade Federal, em Direito Processual
Civil, que é o Prof. Galeno Lacerda. Ele entende que não é vedado a parlamentar
esse tipo de situação.
Então, eu concluo dizendo:
surpreendente foi discutir o mérito, porque, assim, o caminho é muito difícil.
Não estender a gratificação a um punhado de pessoas que têm nível superior numa
área! Foi interessante ouvir de todos os Vereadores, de todos partidos, que a
educação merece o maior respeito, só que, na hora de conceder um pequeno
aumento, as coisas ficam diferentes.
Somos absolutamente
contrários ao Veto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o PLE nº 019/98 - Veto
Parcial.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quero apenas que não haja equívocos face ao
pronunciamento do Ver. Nereu D’Ávila dentro da visão que ele tem sobre a
matéria.
É preciso que os professores
saibam que essa votação, independente do resultado, de nada adiantará. A
Constituição Federal e a Lei Orgânica são absolutamente claras; a doutrina é
pacífica, não há nenhuma discrepância. É importante que os professores não
tenham a quimera de que esta votação tenha o condão para, no caso de derrubar o
Veto, estender a gratificação aos professores.
O Ver. Nereu D’Ávila tem a
sua visão sobre a matéria, mas é só consultar o Ver. João Dib, que tem, também,
sua versão. É absolutamente claro que um projeto com origem no Executivo que
disponha sobre funcionário público, que venha a esta Casa, não pode receber
emenda que aumente a despesa do Município. Não há nenhuma dúvida quanto a isso.
Está absolutamente claro.
Por final, queremos dizer
que consideramos correta e adequada a luta dos senhores. Entendemos essa luta,
mas a forma como foi encaminhada foi absolutamente errada, levada por um
parlamentar que não tem nenhum trabalho com o movimento sindical e, por isso,
não sabe como se encaminha esse tipo de matéria.
Este Projeto é, no que tange
à Emenda, inconstitucional, inorgânico, e qualquer resultado não terá qualquer
efeito na órbita jurídica do Município de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o PLE nº 019/98 - Veto Parcial. (Após a chamada.) APROVADO por 19 SIM e 10 NÃO o PLE nº 019/98 em sua parte vetada. Rejeitado, portanto, o
Veto Parcial a ele aposto.
Solicito ao Sr. 1º
Secretário proceder à leitura das Declarações de Voto.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: Declaração
de Voto assinada pelos Vereadores Adeli Sell, Clovis Ilgenfritz e Maristela
Maffei: (Lê.)
“Meu voto nesta Câmara é
sempre um voto de bancada. Creio que a seriedade se mede pelos trezentos e
sessenta e cinco dias do ano aqui, quando, em Plenário ou em Comissão, expus
minha defesa do serviço público, dos servidores, das suas condições de
trabalho, de seus salários, do vale-refeição, entre outros. Não, nunca vou
ludibriar alguém.”
Declaração de Voto da Vera.
Maria do Rosário: (Lê.)
“Aos professores e Diretores
de Escolas de Porto Alegre.
Os educadores conhecem bem o
PT (e também os outros partidos).
Os professores e diretores
da rede municipal de ensino público de Porto Alegre sabem muito bem como o PT
trata a educação, bem sabem o lugar de prioridade que o ensino ocupa no projeto
político do partido e no governo municipal, que transformou a nossa capital
como a melhor capital em qualidade de vida do País. Esse título Porto Alegre
conquistou também graças ao projeto de ensino baseado na qualificação
permanente dos trabalhadores em educação, que é a busca de uma política
salarial mais justa. Trata-se de um projeto que envolve princípios definidos,
amparados na democracia das escolas e na compreensão do papel que a escola
exerce como equipamento público junto às comunidades. O nosso relacionamento de
compromisso comprovado com as categorias profissionais da educação está
colocado em níveis superiores, e não será abalado por manobras demagógicas e
eleitoreiras, jogadas no âmbito da Câmara de Vereadores. Por isso, em respeito
aos professores e diretores da rede de ensino municipal, os Vereadores da
Bancada do PT manifestam seu veemente repúdio ao panfleto enganoso de alguns
integrantes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA. O folheto
alude, com versão deformada, à votação de Emenda, apresentada de última hora ao
Projeto de Lei do Executivo que concede Gratificação de Incentivo Técnico - GIT
aos funcionários detentores de cargos técnico-científicos, com habilitação universitária
e jornada de trinta horas
Além de oportunista, por
desconsiderar todo o processo de negociação estabelecido há mais de um ano para
a consolidação do Projeto, a referida Emenda, vetada pelo Executivo por ser
inconstitucional, só serviu para gerar falsas expectativas entre alguns
professores convocados pela direção do SIMPA, claramente interessada em
transformar a votação dos parlamentares em Plenário, ocorrida no dia 29 de
junho, em uma farsa lamentável.
Os professores conhecem a
postura do Executivo Municipal de discutir o reajuste salarial recorrendo
sempre ao foro correto da negociação e implementando melhores condições de
trabalho, proposta pedagógica e um plano de carreira com regras específicas e
diferenciadas para o magistério. E sabem melhor do que ninguém que o piso da
categoria, no Município, de vinte horas, é muito superior àquele oferecido aos
educadores do Estado. Os educadores sabem muito bem como os outros partidos
tratam a educação.”
Vereadores do PT, na Câmara
Municipal de Porto Alegre. Assina a Líder, Vera. Maria do Rosário.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Quero
registrar que a nossa bancada, com o trabalho intenso que desenvolveu esta
tarde, não pôde participar de todos os eventos da Câmara e não pudemos estar
presentes na homenagem ao ex-Presidente Clovis Ilgenfritz, mas fazemos questão
de registrar o nosso apreço a esta homenagem e aos 225 anos da Câmara.
O
SR. PRESIDENTE: Paralelamente
às funções desenvolvidas neste Plenário, nós estávamos com alguns Vereadores na
sala ao lado inaugurando a fotografia do ex-Presidente Clovis Ilgenfritz e
também recebendo um público magnífico, simpatizantes do nosso amigo Clovis.
Logo em seguida, nós inauguramos a exposição de fotografias do concurso Sioma
Breitman. Essas fotos estão expostas na Casa e os prêmios somente serão
entregues na próxima sexta-feira, neste Plenário.
O Ver. Cláudio Sebenelo está
com a palavra.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em nome do PSDB, quero registrar todo o nosso
apreço à magnífica figura do Ver. Clovis Ilgenfritz, ex-Presidente desta Casa,
hoje presidindo e participando muitas vezes como Presidente Substituto, com um
trabalho magnífico. A população de Porto Alegre tem acesso ao nosso trabalho
diariamente através da TV Câmara, criação desse Vereador. Só isso já
consagraria uma administração magnífica, de um ano de postura, seriedade e
trabalho como fez Clovis Ilgenfritz, o que só enobrece este Parlamento. Tenho a
certeza de que estou falando em nome de todos os Vereadores e também da
população de Porto Alegre, que se sente mais próxima da Câmara através do Canal
16 - é sua criação. Junto com a sua família, abrilhantou esta tarde. O Ver.
Clovis, além de ter sido Presidente desta Casa, é um amigo de todos. Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, cumprimentamos a Mesa e
V. Exa. por termos uma tarde com tantas iniciativas positivas para esta Casa.
Com a homenagem prestada ao Ver. Clovis Ilgenfritz, em nenhum momento a Casa
deixou de cumprir o seu dever de manter a Ordem do Dia, votar os projetos da
pauta. Parabéns a V. Exa. e a todos os membros da Mesa Diretora da Casa por ter
conciliado esses momentos de homenagens com votações de matérias tão
importantes para esta Casa.
O
SR. PRESIDENTE: Convido
a todos para participarem amanhã, às 14h, de um seminário sobre a violência
urbana. Quem participar desse debate terá muito a lucrar, talvez colaborar para
darmos um novo direcionamento a esse combate que todos queremos fazer à violência
urbana que se instalou não apenas na nossa Cidade, mas no País inteiro.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 19h41min.)
*
* * * *